É aquilo a que podemos chamar um power duo feminino. As Señoritas são Mitó Mendes e Sandra Baptista e nas onze canções do seu álbum de estreia é possível encontrar, bem desenhada, uma árvore genealógica de sons e das suas histórias musicais. Uma boa parte da identidade d’A Naifa era feita da voz expressiva e segura de Mitó, que aqui reencontramos, igual a si própria.
As Señoritas são, afinal, a metade feminina da última formação d’A Naifa e, obviamente, isso nota-se (nem há, sequer, qualquer esforço para o contrariar). Ouvimos, ainda, ecos dos Sitiados, onde Sandra brilhava no acordeão (7 Pragas podia ser mesmo uma canção da banda de João Aguardela – que, aliás, paira por todo o disco).
Entre uma linha de baixo forte, o acordeão, guitarras mais subtis e “sets de programação” estas canções diretas, aparentemente simples, reforçam as palavras (só duas das letras não são de Sandra) na voz de Mitó. É, de certa forma, um disco feminista, pontuado por temas femininos, mas longe de todos os estereótipos. E cumpre o milagre de manter aquela excitação (muito anos 80, em Portugal) que é ouvirmos gente a fazer exatamente o que quer, com os meios que tem, apaixonadamente.
Ouça aqui Acho Que É Meu Dever Não Gostar