Tão Tão Grande
Crescer e ficar maior do que se era ainda há pouco pode não ser coisa fácil. É disso que fala, de forma bem divertida, o novo livro de Catarina Sobral, contando-nos a história de Samuel que, uma manhã, acorda e dá por si na cama transformado num gigantesco hipopótamo. A preto e branco, vermelho, azul e amarelo, vamos vendo como se sente desajeitado, como se surpreende com a sua nova voz tonitruante, como percebe que os sapatos já não lhe servem ou se espanta até com um bigode que lhe apareceu no meio da cara. Transformações assustadoras, a lembrar A Metamorfose, de Kafka, que Catarina tão habilidosamente inclui nestas páginas. No final, o sorriso é garantido.
De Catarina Sobral > Orfeu Negro > 40 págs. > €13,50
Conta-Quilómetros
Esta história pensada e ilustrada por Madalena Matoso pode guardar muitas histórias dentro. Sentemo-nos ao volante do carro e decidamos nós por onde queremos ir, se encontramos o rebanho de ovelhas logo à primeira curva ou se espreitamos antes um jogo de futebol, se demoramos a chegar à ponte ou se de um salto estamos na praia. Um livro com as páginas cortadas ao meio, que nos permite folheá-lo como quisermos e fazermos as combinações que nos apetecer. E cheio de maravilhosos pormenores nos desenhos para descobrir à medida que o carro rola na estrada e o conta quilómetros avança. Por exemplo, quem encontra um ouriço à boleia?
De Madalena Matoso > Planeta Tangerina > 40 págs. > €12, 90
O Ploc do Pollock
O que faz de alguém um pintor? O pequeno Pollock demora a sentir-se pintor e demora depois a descobrir como pintar. Mas, sabemos nós, a pintura do norte-americano Paul Jackson Pollock não é como mais nenhuma outra – e é isso que nos conta esta história, onde não faltam referências a conhecidos quadros de outros pintores, numa deliciosa mistura entre imaginação, criatividade, humor e força de vontade. O texto é acompanhado por divertidas ilustrações a carvão – e ao preto e branco só se juntará a cor quando o pincel de Pollock salpicar, irrequieto, “ploc ploc ploc”.
De Rui de Almeida Paiva e Ivone Gonçalves > Caminho > 40 págs. > €10,90
Três com Tango
É uma história verdadeira esta e isso ainda a torna mais especial: aquela que se passou no Jardim Zoológico do Central Park, em Nova Iorque, quando, em 1998, Roy e Silo, dois pinguins-de-barbicha machos, acasalaram. Em 2000, depois de tentarem, em vão, chocar uma pedra, o tratador Rob Gramzay pôs-lhes um ovo no ninho (de um outro casal que não conseguia cuidar dele), que os dois foram chocando à vez durante um mês. Daí havia de nascer Tango, uma fêmea e o primeiro pinguim do zoo a ter dois pais. A família ainda vive feliz e unida – e devia ser sempre assim tão simples, não é?
De Justin Richardson, Peter Parnell e Henry Cole > Kalandraka > 32 págs. > €14
O Crocodilo que Não Gostava de Água
Era uma vez um crocodilo que não gostava de água e não encontrava maneira de se habituar a essa coisa fria e molhada que só o fazia passar vergonhas. Nada o impedia, no entanto, de tentar brincar na água com os seus irmãos e irmãs. Neste seu primeiro livro – originalmente editado em 2013 e já premiado – a catalã Gemma Merino conta e ilustra uma história simples, bonita e divertida sobre enfrentar desafios e descobrir novos talentos. As ilustrações acompanham o tom do texto e vale mesmo a pena chegar à última página.
De Gemma Merino > Livros Horizonte > 32 págs. > €11,90
Mana
Eis um livro essencial para ter à mão durante as férias grandes de verão. Joana Estrela escreve e ilustra uma carta à “querida irmã” que define o tom logo às primeiras frases: “Não sei bem de onde vieste, mas de certeza que és extraterrestre. Os aliens abandonaram-te porque és muito chata.” Quem não reconhece nestas páginas as zangas entre irmãos, os livros riscados pelos irmãos mais novos, as cabeças arrancadas das bonecas, as velas de aniversário alheias a serem apagadas antes do tempo, as mordidelas nos braços? Há lá coisa melhor no mundo do que ter um irmão.
De Joana Estrela > Planeta Tangerina > 32 págs. > €12, 50
O Dia em que os Lápis Voltaram a Casa
Depois de O Dia em que os Lápis Desistiram, vem, felizmente, O Dia em que os Lápis Voltaram a Casa. A história começa com “um estranho molho de postais” atados com uma guita que guarda as notícias dos lápis coloridos de Duarte: o grená, perdido no sofá, o vermelho-vivo, deixado na piscina de férias, o bronze, engolido pelo cão, o fluorescente, esquecido na cave, e muitos outros que passam por grandiosas (e sempre divertidas, para nós, pelo menos) aventuras. No final, no quarto de Duarte, há de esperá-los um merecido Castelo dos Lápis, onde nenhum fica de fora. Ou quase nenhum, vá.
De Drew Daywatt e Oliver Jeffers > Orfeu Negro > 48 págs. > €14,50
Todos os Escritores do Mundo Têm a Cabeça Cheia de Piolhos
José Luís Peixoto regressa aos livros infantis com uma divertida história que começa com uma notícia: “Todos os escritores do mundo têm a cabeça cheia de piolhos”. É a revelação de um escritor famoso na televisão… na verdade, não terá sido exatamente isso que disse, mas já se sabe como correm as notícias. De onde viria a comichão que todos os escritores sentiam na cabeça é o que nestas páginas se vai descobrir (e vale a pena procurar, nas ilustrações, Peixoto e outros escritores que bem conhecemos). Uma coisa é certa: ela nunca vai desaparecer. E ainda bem.
De José Luís Peixoto e Rita Correia > Quetzal > 32 págs. > €13,30
Estranhas Criaturas
Uma história tão bonita como as ilustrações que a contam. A argentina Cristina Sitja Rubio escreve e ilustra um verão na floresta, que parecia ser aborrecido mas que acaba por se tornar bastante agitado, depois de todos os animais voltarem de uma festa e encontrarem as suas casas destruídas. De forma simples e poética, aqui se fala sobre a convivência de seres humanos, animais e plantas, e de como, na verdade, basta um pouco de compreensão para essa relação ser mais tranquila. Deixemos de ser estranhas criaturas, nós.
De Cristina Sitja Rubio > Orfeu Negro > 48 págs. > €14,90
