De há uns bons anos para cá, nada como ser o mais retro possível para bem encaixar no espírito do tempo presente. Neste disco de Marta Ren essa atmosfera encontra-se a cada passo – e não estamos a falar só da música soul sintonizada com o que de melhor se fez nas décadas de 60/70 do século passado. O título evoca diretamente um dos êxitos de Elvis (“Stop, look and listen, baby, that’s my philosophy”, cantava o rei em Rubbernenckin’, de 1970); aquele “& the Groovelvets” depois do nome de Marta tem um irresistível sabor… retro, é isso. E quando a primeira faixa, Don’t Look, começa com uns metais irrequietos e uma bateria vivaça apetece mesmo ouvi-la com o inconfundível ruído de fundo de um velho vinil a girar no prato (e isso é possível: Stop, Look, Listen já está disponível em vinil, por exemplo na plataforma online Brandcamp, onde Marta é apresentada como a “new Oporto soul diva”).
Os mais atentos recordam-se da voz poderosa de Marta Ren como vocalista dos Sloppy Joe ou na primeiríssima formação dos Mesa. Aqui, finalmente num disco em nome próprio, ela dá o máximo. O registo anda sempre entre as fronteiras da soul e do funk, sem perder tempo ou energia a inventar caminhos novos, e os dez músicos que a acompanham obedecem com mestria aos cânones do(s) género(s).
Stop, Look, Listen tem a grande qualidade de não querer ser mais do que aquilo que é. Quem procura, em qualquer ponto do globo, a melhor soul com registo clássico e um groove com feeling não sairá defraudado.
Veja o vídeo de I’m Not Your Regular Woman