1. Casa Amor, Olhão
Até 1991, era a Dona Helena quem tomava conta da pensão da Rua Dr. Pádua, com muito boa reputação. Depois da sua morte, nesse ano, ninguém mais lhe pegou e a casa, com mil metros quadrados, caiu em ruína. Só em 2019, este edifício histórico de Olhão, do século XIX, seria salvo pelo casal de franceses Jack e Walter. Meteram mãos à obra para o reabilitar para um turismo de habitação com 10 quartos, aberto em março de 2024, e que tem também uma coffee shop com porta para a rua.

Existem vários recantos que nos envolvem em indiscutível bom gosto e nos puxam para o desligamento quase total, apenas concentrados nos pormenores que garantem o respeito pela originalidade da arquitetura, das paredes caiadas às abóbadas ou às pedras ocre, típicas da região.
Um dos pontos irresistíveis da Casa Amor é a sua açoteia, o local onde antes se secavam os polvos. Hoje, existe aqui uma pequena piscina de água salgada, perfeita para refrescar do calor do verão. Dentro de água, dá para apreciar o recortado árabe, muito evidente nesta cidade algarvia, a que se chama de capital do cubismo: um mar branco, sem telhados, pintalgado de chaminés de balão e mirantes. L.O. R. Dr. Pádua, 24 A, Olhão > T. 91 066 9436 > a partir de €127,50 > coffee shop > ter-sáb 9h-15h
2. Casas da Quinta de Cima, Vila Nova de Cacela
Acordar nesta quinta de 50 hectares, no meio do nada, num silêncio conciliador, ainda que saibamos que o mar não está muito longe, é um luxo. Um luxo discreto, que quase nem se nota – ou nota-se na beleza das pequenas coisas: como sair do quarto, que, na verdade, é uma suíte com kitchenette incluída, e seguir a pé para o pequeno-almoço, que se toma dentro ou fora, consoante a meteorologia, mas em que, em qualquer dos casos, se experimentam alguns dos produtos da terra, como limões, laranjas ou abacates.

As nove suítes, com 70 m², eram as antigas casas dos trabalhadores da Quinta de Cima. Todas têm também sala de estar, kitchenette, como já se escreveu, e uma casa de banho, que se abre, de par em par, para o pátio privativo. Nos interiores, privilegiaram-se os materiais tradicionais: madeira, terracota, mármore, lã e algodão. Os tetos, altíssimos, são tipicamente algarvios e forrados a vime. Além destes quartos, o hotel tem duas villas isoladas, no meio dos pomares, ideais para famílias.
O restaurante está aberto só para jantares, com receitas da família, como caril ou arroz de pato. Ao almoço, quem quiser ficar pela piscina (um antigo tanque de rega) ou a relaxar numa das cadeiras, abrigadas pela densa vegetação, pode pedir sanduíches e saladas. Espaço não falta por aqui. Aliás, faz parte do programa andar a pé pela propriedade. L.O. EM1242, Vila Nova de Cacela > T. 96 691 2743 > a partir de €200
3. Casa Az-Zagal, Sousel
A traça desta casa senhorial e alguns dos apontamentos que fizeram a sua história foram preservados, como o grande fumeiro da entrada, a manjedoura das estrebarias da sala de jantar, os tijolos que sobressaem em algumas paredes ou as pias de cozinha em mármore de um dos quartos – são 13, no total, quatro deles em suíte, e nenhum tem televisão.

No exterior, descobre-se a piscina e o alpendre, com a lareira de chão pronta a ser acesa nas noites mais frias (assim como as menos sedutoras pirâmides de aquecimento). Na cozinha, Célia Delgado encarrega-se das delícias que chegam à mesa das refeições, desde o pequeno-almoço aos snacks, passando pelo almoço e o jantar, por encomenda (não deixe de reservar, porque esta é uma peça fundamental da estada na Casa Az-Zagal, fica a dica). Por sorte, estas refeições típicas, confecionadas com produtos das redondezas – como a hortelã ou o poejo do jardim, o borrego de Sousel ou a cabeça de xara da salsicharia do Cano –, estão abertas a quem por aqui passe e queira provar, sem que seja preciso estar hospedado.
Outra coisa: criança não entra. Só a partir dos 16 anos, quando já não é suposto perturbarem a paz que reina na propriedade, goste-se ou não deste conceito de excluir os mais novos dos prazeres da vida, como deambular por Casa Branca, aldeia típica em que foi edificada este belo casarão, e ver os mais velhos a passar de bicicleta ou de saco de pão na mão, como quem tem todo o tempo do mundo. L.O. R. de Évora, 14, Casa Branca, Sousel > T. 268 539 085 > a partir de €90
4. Casa da Moira, Avis

Com vista para a Barragem do Maranhão, a Casa da Moira, no centro histórico de Avis, junto da muralha medieval, conta com 11 quartos divididos por dois edifícios nobres – um do século XVII, outro do século XIX. A disponibilidade dos proprietários, o casal João e Maria João Tenreiro, faz a diferença. São eles que recebem os hóspedes, estão discretamente por perto e gostam de uma boa conversa noite fora.
As suítes são espaçosas e confortáveis (há, inclusive, uma suíte duplex), com zonas de estar e tetos trabalhados. Os hóspedes têm à disposição as áreas comuns das duas casas: terraços com sofás confortáveis, salas de estar aconchegantes, algumas com lareira, cantos de leitura e um salão de jogos. No inverno, saberá bem um jantar no casão – feito a pedido, com pratos da região. Uma sugestão para dar um passeio? O Centro Interpretativo da Ordem de Avis, no antigo Convento de São Bento de Avis, traça a história da ordem militar e destaca a importância da vila alentejana através dos séculos. S.L.F. Lg. Dr. Sérgio de Castro, 1, Avis > T. 242 412 059 > a partir €165
5. O Lugar, Porto Covo
É com o chilrear dos passarinhos que se acorda n’O Lugar. Pedro Martins trocou Lisboa por Porto Covo, onde viveu até aos 18 anos, para abrir esta guesthouse em 2017, junto com a mulher, Inês. Os seis quartos têm uma decoração minimalista, em cores neutras e com mobiliário de linhas direitas, e varanda com vista para a baía. Na sala de estar, servem um pequeno-almoço com produtos da região: pão alentejano, croissants, queijadas de requeijão, feitas na padaria da família do proprietário, sumo de laranja natural, iogurte, cereais e fruta fresca. S.P. R. 25 de Abril, 7C > T. 96 580 0557 > a partir de €90
6. Sesimbra Oceanfront Hotel, Sesimbra
É um privilégio acordar de frente para a praia da Califórnia, um dos areais da vila de Sesimbra e para o qual há acesso direto a partir do Sesimbra Oceanfront Hotel. Dos 92 quartos existentes, não há um que não tenha vista para o imenso azul do mar, varanda e outras mordomias dignas das cinco estrelas, que o hotel passou a ostentar depois das obras de remodelação. Quem conheceu o antigo Sesimbra Hotel & Spa, aberto há 18 anos, vai encontrar diferenças: os quartos e as áreas comuns têm nova decoração, o restaurante e bar também.

No restaurante MarLuso, aberto aos jantares, a carta é inspirada nas viagens do navegador Sebastião Rodrigues Soromenho, natural de Sesimbra, e propõe uma fusão de sabores com influências da América Central. Exemplos? Guacamole de ervilhas com chips de batata-doce, um tiradito de espadarte-rosa com leite de tigre de agrião, e polvo grelhado com puré de feijão-coco e óleo de chouriço. Ao almoço, o Poké Bar serve refeições leves, com sugestões como o hambúrguer de grão, bolo lêvedo e molho toban djan ou o poké de camarão-tigre, cogumelos shitake e manga. Tudo acompanhado pela belíssima vista para o mar, sempre à espreita em cada canto deste hotel. S.L.F. R. Navegador Rodrigues Soromenho, Sesimbra > T. 21 228 9800 > a partir de €185
7. AlmaLusa Comporta

É o único hotel de portas abertas bem no centro da Comporta, com tudo o que esta aldeia tem para oferecer, do comércio à restauração, a meia dúzia de passos. Dos 53 quartos do AlmaLusa, 31 são espaçosas suítes equipadas com kitchenette. Umas têm um terraço de 30 metros quadrados, outras acesso direto à piscina, no centro do hotel e rodeada de espreguiçadeiras.
O The Rooftop Bar, aberto a não hóspedes e com vista para os arrozais, é uma boa alternativa para um jantar leve com pratos de partilha, das ostras aos chipirones com molho aïoli, do taco de camarão e maionese de especiarias ao ceviche de corvina, coentros, pickle de chalota e crocante de arroz da Comporta.
Também aberto a todos, o Café do AlmaLusa, com mesas no interior e uma esplanada, tem uma carta com sugestões para comer no hotel, levar para a praia ou num passeio pela região. Além do menu de pequeno-almoço, há sumos naturais e smoothies, saladas, paninis e wraps. S.L.F. R. Pedro Nunes, 3, Comporta, Alcácer do Sal > T. 265 098 600 > a partir de €140
8. Vila Galé Collection Tomar
No centro de Tomar, encostado ao rio Nabão, este hotel de quatro estrelas divide-se em dois edifícios históricos recuperados – o antigo Convento de Santa Iria, construído no século XVI, e o ex-Colégio Feminino –, ligados entre si por um renovado passadiço.

No primeiro, ficam o restaurante Versátil, que aposta numa ementa regional, dois bares, a piscina exterior, a biblioteca e a capela. Na segunda ala, encontram-se o Satsanga Spa & Wellness – com salas de massagem, piscina interior aquecida com cascatas, sauna e banho turco – e uma sala de reuniões, preparada para receber congressos. Os 100 quartos, com diferentes tipologias (standard, familiar e suítes), dividem-se pelos dois edifícios. Entre um passeio a pé pela cidade e uma visita ao Convento de Cristo, não deixe de provar os doces Beija-me Depressa, inspirados na doçaria conventual, na pastelaria Estrelas de Tomar. S.P. R. Santa Iria, 8, Tomar > T. 249 249 820 > a partir de €130
9. MS Collection – Palacete Valdemouro, Aveiro
Os mais distraídos hão de passar o edifício no número 50 da Rua José Estêvão, em Aveiro, que outrora foi residência da família de Eça de Queirós. Abrande-se o ritmo, então, para observar as paredes de um pálido cor de rosa, a varanda em ferro e as janelas altas debruadas a pedra, que contam parte da história desta casa construída no século XVIII.

Situada a dois passos da ria, responde agora pelo nome MS Collection – Palacete Valdemouro, o primeiro hotel de cinco estrelas da cidade, inserido num edifício histórico de quatro pisos, restaurado. Tem 39 quartos de seis tipologias, todos singulares: uns criados à imagem das personagens de Eça, como Carlos da Maia, Padre Amaro ou Luísa de Brito, com elementos representativos da época, e outros com uma decoração art déco. Na sala de leitura, encontam-se fotografias, cartas, canetas de tinta permanente e até o monóculo, pertença do espólio da Fundação Eça de Queiroz, com a qual foi estabelecida uma parceria.
No pátio, há livros disponíveis para leitura, junto ao restaurante Prosa. Aberto ao jantar, serve uma ementa da autoria do chefe Rui Paula, composta por pratos alusivos à região, como o bacalhau, a enguia e as ostras. S.S.O. R. José Estêvão, 50, Aveiro > T. 234 245 630 > a partir de €230
10. Hotel da Fábrica, Manteigas
Ainda não espreitámos o quarto, mas na chave que levamos na mão vai presa uma lançadeira de madeira, uma peça fundamental nos teares antigos que servia para enrolar o fio e fazer a trama (tecido entrelaçado). Tem tudo que ver, afinal, com a história deste hotel, que nasceu nas primeiras instalações da Ecolã, a mais antiga unidade produtiva artesanal de lanifícios do País (fundada em 1925).
Uma coisa é certa: quem pernoitar no Hotel da Fábrica (16 quartos e duas suítes) usufruirá não só de conforto e de uma noite bem dormida, com vista para o vale glaciar do Zêzere, mas também de uma viagem ao passado da indústria dos lanifícios, que outrora era parte integrante da paisagem geográfica e económica da serra da Estrela – hoje, em Manteigas, só restam duas, a Ecolã e a Burel Factory. Ao pequeno-almoço, não faltam o queijo e o requeijão Serra da Estrela, e a piscina interior aquecida é bem apetecível quando faz frio lá fora. F.A. Quinta de Santa Clara, EN232, Manteigas > T. 275 982 420 > a partir €85
11. Puro Dão Hotel & Spa, Nelas
No coração da região vitivinícola do Dão, este quatro estrelas é um pequeno oásis. A lareira acesa na sala de estar comum convida ao ócio, sentados nos sofás em couro, a olhar para a janela rasgada de alto a baixo com vista para a serra da Estrela. A mesma vista têm os 50 quartos e seis suítes (uma delas com jacúzi na varanda), com encostos de cama em couro, traves de madeira reaproveitas – muitas encontradas nas ruínas do edifício – e betão, tal como a restante decoração do hotel.

A cereja em cima do bolo deste dolce far niente é o spa, com piscina interior aquecida, que se liga à exterior (sempre com a serra no horizonte), e as massagens de relaxamento, algumas feitas com azeite biológico da região. Ao pequeno-almoço, ficamos a saber, o sumo de laranja e a marmelada vêm dos frutos do pomar do hotel, o requeijão e o queijo são de ovelha de raça bordaleira.
Integrado no Puro Dão, o restaurante Tertúlia serve os sabores da região: tachinhos de arroz malandrinho de míscaros, o cabrito grelhado e a aba de vitela assada à moda de Lafões (domingos ao almoço). A garrafeira tem mais de 300 referências de vinho, em grande maioria da região do Dão. F.A. R. do Mondego, Lote 9, Nelas, Viseu > T. 232 245 777/96 821 2158 > a partir €100
12. Solar de Vila Meã, Barcelos
Ao percorrer a Estrada Nacional 204, entre Barcelos e Vila Nova de Famalicão, era inevitável admirar de longe o Solar de Vila Meã. Agora, já é possível transpor o portão imponente, percorrer a alameda ladeada por árvores e extensos vinhedos, e conhecer o edifício do final do séc. XIX – com arquitetura original de João de Moura Coutinho, o mesmo que desenhou o Theatro Circo, em Braga – convertido em hotel, no topo da propriedade de 40 hectares.

Os sete quartos do solar e os espaços comuns combinam o respeito pela traça (agora com uma maior leveza) e a decoração eclética, com peças contemporâneas e apontamentos do mobiliário original. Os antigos edifícios agrícolas e a casa do caseiro também foram reconvertidos e acolhem 16 quartos e seis apartamentos duplex, além de outras valências, com a decoração inspirada na riqueza das artes e ofícios de Barcelos.
Além de duas piscinas (interior e exterior), spa e ginásio, tem também o restaurante Barro, marcado pelos tons terracota da olaria na decoração e pelos pratos mais tradicionais de várias regiões portuguesas, dos rojões à chanfana. J.L. R. Principal, 101, Silveiros, Barcelos > T. 253 400 850 > a partir de €150
13. InnSide by Meliá Braga Centro
Este hotel de quatro estrelas surge da recuperação de um edifício contíguo ao Retiro das Convertidas (fundado em 1722) e apela à vontade de descobrir a cidade de Braga. O imóvel barroco serviu de inspiração para a arquitetura da ala mais antiga do hotel, onde se encontra a receção e o restaurante Convertidas (aberto a não hóspedes), à qual foi acrescentada uma outra ala contemporânea com vista para a piscina e os jardins exteriores.

A tal curiosidade é aguçada pelas muitas bicicletas retro espalhadas pelo hotel (há modelos elétricos que podem ser alugados a partir €5/hora), pelo DJ que anima o bar nas noites de sexta e sábado ou pelas dezenas de ilustrações que decoram as paredes, tanto das áreas comuns como nos 109 quartos (duplos, suítes e estúdios). O restaurante serve pratos da cozinha tradicional portuguesa, como o arroz de pato à moda de Braga, o polvo à lagareiro com batata a murro e, claro, o pudim Abade de Priscos. Tudo, num ambiente descontraído para todas as idades. F.A. Av. Central, 107, Braga > T. 253 200 200 > a partir €135
14. Torel Quinta da Vacaria, Peso da Régua
Uma das mais antigas propriedades da região do Douro, a Quinta da Vacaria (a sua história remonta a 1616) foi convertida em boutique hotel de cinco estrelas. A funcionar desde agosto de 2024 em Vilarinho dos Freires, Peso da Régua, soma 33 quartos e suítes decorados pelo Studio Astolfi, um spa com piscina interior e exterior virada para as vinhas, e um restaurante. No 16 Legoas, Vítor Gomes, com a consultoria do chefe de cozinha Vítor Matos, dá a provar uma cozinha descomplicada e simples, com produtos locais, como o cordeiro, o porco bísaro e o lúcio-perca.

Uma adega construída de raiz, coberta de xisto e integrada na encosta de vinhas, fica a poucos metros do hotel. Encontra-se aberta a visitas e organizam provas diárias de vinhos DOC e do Porto (a partir €15) ou almoços exclusivos na Casa da Vinha – situada numa cota mais alta, aonde se acede de jipe. F.A. Vilarinho dos Freires, Peso da Régua > T. 254 240 242 > a partir €300
15. Hotel Senhora da Rosa, Ponta Delgada
Entre ananases, bananeiras, araucárias e inhames, este hotel familiar é um mergulho no verde da ilha açoriana de São Miguel. Além dos 33 quartos e suítes no edifício principal, o Senhora da Rosa tem dois refúgios de madeira escondidos entre a vegetação – o Cafuão e o Granel, com banheiras ao ar livre na varanda -, inspirados nos cafuões onde se guardavam os cereais.

Tomar um banho no tanque da estufa de ananás, fazer uma aula de ioga ou de Pilates, ou dar um passeio nesta quinta do século XVIII, são algumas das possibilidades para uns dias bem passados. No Spa Musgo, as massagens são feitas com óleos essenciais, elaborados na ilha pela Essentia Azorica. O restaurante Magma aposta nos sabores tradicionais dos Açores: risotto de lapas, pastéis de massa tenra, pica-pau de moreia, chicharrinhos casados, atum braseado com molho de vilão. Em alternativa, o Mirante Rooftop serve cozinha asiática. F.A. R. Senhora da Rosa, 3, Fajã de Baixo, Ponta Delgada > T. 296 100 900 > a partir €150 (quartos), €280 (cafuões)