Está longe de tudo e em simbiose com a Natureza, escreva-se já sobre o Sóis Montejunto Eco Lodge, aberto há pouco mais de um mês entre Vila Verde dos Francos e Cabanas de Torres, beneficiando da face sudeste da serra de Montejunto. “O sossego e a proximidade à capital são uma mais-valia, mas também promovemos o envolvimento com a comunidade local, as tradições e atividades ao ar livre”, explica Neide Pereira, responsável pela unidade e guia de passeios nesta serra do concelho de Alenquer, considerada o miradouro da Estremadura.
Seja a pé ou de bicicleta, pelos trilhos e carreiros descobre-se um conjunto notável de grutas, algares e moinhos, observam-se raposas, texugos, répteis e várias aves, como o bufo-real e o andorinhão-real, espécies que correm risco de extinção. À chegada ao Sóis Montejunto Eco Lodge é impossível não nos fixarmos na panorâmica, tal como aconteceu com um dos sócios do glamping. “Enquanto praticava ciclismo, passou por aqui e, ao olhar a paisagem, pensou que seria um bom sítio para um projeto hoteleiro com estas características”, conta Neide.
Integrado na Paisagem Protegida da Serra de Montejunto, neste lugar especial destacam-se as escarpas calcárias, em parte cobertas de vegetação, que se erguem imponentes até aos 666 metros de altitude, ali mesmo à nossa frente. Mais perto, o olhar dá conta das parcelas de vinha plantadas em redor, por esta altura já vindimadas. Nesta região tradicionalmente vitivinícola, há produtores e quintas centenárias que podem ser visitadas um pouco por todo o concelho. Em breve, as parras verdes vão ganhar as cores outonais e o cenário há de mudar. Na verdade, não há uma estação certa para rumar ao Sóis, nem a esta zona do Oeste, todas são boas desde que se procure sossego e comunhão com a Natureza.
Por aqui não há muros, nem vedações. As poucas estruturas edificadas – dois pequenos edifícios e as plataformas de acesso aos domos, interligadas por passadiços – foram construídas em madeira de forma a diminuir, ao máximo, a intervenção no terreno, outrora plantado de vinha. Dispostas em socalco e distribuídas por patamares, a partir destas estruturas em forma de bolha (as cúpulas são feitas em ferro e lona), com uma grande janela envidraçada e uma varanda, vê-se tudo o que se passa à volta.
Assim que se entra, imaginamo-nos aqui, a acordar de olhos postos na serra, mergulhados no silêncio, em modo de pura contemplação. Dormir em domos geodésicos não é uma ideia nova e já é possível fazê-lo de norte a sul do País. No Sóis, promove-se o contacto com a vida rural e qualquer hóspede pode vestir a pele de Diogo Amaro, pastor e produtor do queijo O Castiço. Um dos programas disponíveis no glamping convida a pastorear o seu rebanho de cabras e a perceber todo o processo de fabrico do queijo, o mesmo que pode chegar todos os dias na cesta do pequeno-almoço. A pera-rocha, o vinho, o mel e o pão também fazem parte das experiências especiais do eco-lounge, feitas essencialmente em parceria com produtores vizinhos.
Por enquanto, são oito os domos disponíveis para dormir, divididos entre as tipologias familiar e casal. Com o projeto ainda em desenvolvimento, e num futuro próximo, chegarão aos 20. Do lado de fora, parecem pequenos, mas revelam-se amplos no interior. Têm cerca de 42 metros quadrados e estão bem equipados, com uma kitchenette que permite uma maior autonomia.
A habitual brisa fresca na região não corria no dia da nossa visita e o dia estava mais quente do que o habitual, mas a piscina está mesmo ali, junto ao edifício principal e à área social, onde há jogos de tabuleiro, uma lareira e um bar, ideal para tomar um copo de vinho ao final da tarde. À volta, não faltam espreguiçadeiras, mesas de piquenique e um fire pit para aquecer as noites mais frias. Virada para a serra, a piscina mistura-se com a Natureza num convite à contemplação, mais do que aos mergulhos. Mas como a água é aquecida, continua a ser uma opção nos dias de temperaturas baixas.
O mesmo acontece com o jacuzzi de água quente, alimentado a lenha e instalado na plataforma mais baixa, na área de bem-estar, junto à sauna e ao domo onde se faz ioga, massagens e meditação. Nada como um encontro com a Natureza, para recarregar as baterias e regressar à cidade.
Sóis Montejunto Eco Lodge > Caminho do Fole, Portela do Sol, Vila Verde dos Francos, Alenquer > T. 263 789 105 > a partir €120
VER, COMER E FAZER
Real Fábrica do Gelo Na serra de Montejunto, daqui saiu, até 1850, o gelo que abastecia a Corte e os cafés da Baixa lisboeta. Ainda são visíveis os tanques onde se formavam as placas de gelo, entre outras estruturas
Museu Damião de Góis e das Vítimas da Inquisição Espaço de memória dedicado à vida e ao legado do humanista de Quinhentos, em Alenquer
Curral do Burro Com esplanada e vista sobre a serra de Montejunto, tem o cozido no pão como uma das especialidades. T. 91 283 6575
Casa Santos Lima Na Aldeia Galega da Merceana, organizam passeios guiados de charrete ou de buggy às vinhas e provas de vinho. T. 263 760 621