São pouquíssimos os metros quadrados deste ateliê envidraçado no primeiro andar do edifício I da LX Factory, em Lisboa. Na verdade, Filipa Dias não precisa de muito mais para arrumar as folhas de papel que vai dobrando e desdobrando, dando ao papel dimensões que parecia longe de ter. Ali têm nascido candeeiros de papel, agora pendurados no teto e nas paredes ou pousados nas prateleiras, onde também estão pulseiras e pregadeiras feitas da mesma forma. O Tsuri Studio tem inauguração marcada para as sete da tarde desta sexta-feira, 6, durante o Open Day da LX Factory – não será exatamente uma loja, mas Filipa promete estar ali quase todas as tardes, de portas abertas a todos os que queiram entrar para conhecer as peças que tem à venda ou para, com ela, idealizar outras peças personalizadas.
O projeto Tsuri começou por brincadeira, conta Filipa Dias, 40 anos, que aprendeu quase sozinha a fazer origami. “A minha mãe sabia fazer e fui-me entusiasmando. Muito rapidamente quis ir para outros lados”, explica, falando dos artistas que foi descobrindo e que usam a dobragem de papel nas suas peças. “A dobrar papel, conseguem fazer-se coisas surpreendentes”, nota. O primeiro candeeiro que criou foi para sua casa e, claro, não faltaram os elogios dos amigos e os pedidos de réplica. No ateliê de arquitetura Falanstério, onde é responsável pelo marketing e pelo apoio administrativo, começou a colaborar nos projetos de reabilitação e decoração de interiores. E foi em três apartamentos remodelados para serem alugados que “testou” os seus candeeiros de papel, há dois anos, e que percebeu que a brincadeira tinha pernas para se transformar num projeto sério. “Agora achei que era a altura certa para ter este ateliê”, diz Filipa Dias, que, além de candeeiros, começou também a fazer joias em papel. “Tsuri significa árvore em japonês e é, por isso, uma palavra que tem a ver com papel e cortiça, dois materiais que uso, e tem também a ver com a ideia de crescer, de dobrar e desdobrar”, explica.
Começou por dobragens simples e foi experimentando, como ainda hoje faz, dobragens mais complexas. Alguns candeeiros nascem até de folhas apenas vincadas por onde depois passa a luz ou de outras que Filipa amachuca, seguindo a ideia de que “o papel é que nos orienta e nos diz para onde vamos”. São várias as técnicas de dobragem que utiliza e cada folha que dobra para criar um abajur pode, dependendo de como a aplica, dar origem a quatro, cinco ou seis formas de candeeiros diferentes. “A forma como se fecha a estrutura é que revela o formato do candeeiro”, explica. Hoje, para criar as suas peças, usa papel de algodão japonês, tyvek (mais resistente e duradouro por não rasgar), papel e tecido de cortiça, e ainda folhas de ouro e de madeira para pequenas aplicações. E continua sempre à procura de outros materiais que possa dobrar ou vincar. “Com papel podemos fazer tantas coisas, tem muita flexibilidade e, ao mesmo tempo, muita força. É esse o fascínio”, sublinha. A iluminação com leds faz o resto e, no final, nascem candeeiros de pé, de teto, de secretária ou de parede, com preços que variam entre os €20 e os 100 euros. Haja ideias luminosas.
Tsuri Studio > LX Factory, edifício I, entrada 1, piso 1, espaço 1.1D > R. Rodrigues de Faria, 103, Lisboa > T. 93 626 5315 > www.tsuri.studio