
A Aloma, em Lisboa, é uma das pastelarias finalistas da prova O Melhor Pastel de Nata
Rita Chantre
Sabia que a receita escrita mais antiga de um pastel de nata nasceu em 1729, no Convento de Santa Clara, em Évora? E que nesta época chamavam-se pastelinhos de natta e eram confecionados com seis covilhetes de nattas, 15 gemas de ovos e três quartas de açúcar fino, conforme pode ler-se no receituário antigo? “Mas há, ainda, uma referência mais remota a uns pastéis de leite, no caderno de receitas da Infanta D. Maria, no século XVI”, afirma Virgilío Nogueiro Gomes, gastrónomo, investigador e professor em História da Alimentação.
Agora já não são feitos com nata, e há até quem acrescente a baunilha e o limão, entre outros ingredientes, como os finalistas do célebre concurso O Melhor Pastel de Nata, inserido no festival Peixe em Lisboa, que decorre a partir desta quinta, 30, até 9 de abril, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. A prova final do Melhor Pastel de Nata, aberta ao público, está agendada para a próxima quarta-feira, 5, a partir das 15 horas.
Da longa lista de participantes – a concurso apresentaram-se 26 estabelecimentos com fabrico próprio localizados entre Setúbal e Mafra –, o júri, presidido pelo gastrónomo Virgílio Nogueiro Gomes, selecionou nove: Pãozinho das Marias (Ericeira), Bonjour (Cascais), Bijou do Calhariz (Lisboa), Pastelaria Aloma (Lisboa), Fábrica da Nata (Lisboa), Polo Norte (Mafra), Mercado do Peixe (Lisboa), Casinha do Pão (Lisboa) e Santa Coina (Coina). Este nove vão juntar-se aos três vencedores do concurso do ano passado: Fim de Século, Lisboa (1º lugar), Patyanne, Castanheira do Ribatejo (2º lugar) e A Batalha, Venda do Pinheiro, Mafra (3º lugar).
“Lançámos esta prova há nove anos, por “ser o doce mais representativo de Lisboa, o mais antigo e o que mais se faz pelo mundo”, diz Virgílio Gomes, presidente do júri composto pelo enólogo Domingos Soares Franco, a jornalista Cristina Briz, a blogger Isabel Zibaia Rafael e o especialista Carlos Braz Lopes (criador do Melhor Bolo de Chocolate do Mundo).
Para Virgílio Nogueiro Gomes, o melhor pastel de nata tem uma “massa fininha, mas crocante”. “Para saber a sua consistência, pega-se na massa com dois dedos e, se ela partir, é porque é boa”, descreve. No entanto, há mais pontos neste bolo que têm que passar com distinção. “O aspeto é o primeiro item que avaliamos, quer-se bronzeado, mas não queimado”, sustenta, acrescentando ainda que “não pode saber nem muito a baunilha ou a limão, tem que ser equilibrado”.