Elas estão gastas, sujas ou mesmo rotas. Ficaram anos escondidas no armário, no sótão. A lembrar um passado de muita traquinice e jogo de bola.
As famosas Sanjo voltaram ao espaço onde nasceram em 1936, a Empresa Industrial de Chapelaria, hoje museu, não só para contar a história da marca mas das pessoas. De quem produzia, comercializava e, em particular, daqueles que recusavam sair de casa sem um par de Sanjo, modelo K100. Depois dos lápis da Viarco e das máquinas de costura Oliva, o Museu de Chapelaria, em São João da Madeira encerra o ciclo Marcas de Identidade com as Sanjo originais, feitas em lona e borracha vulcanizada.
“Com esta mostra as sapatilhas voltaram a casa”, afirma a diretora Suzana Menezes. A exposição resulta de um trabalho de pesquisa a partir de documentos e diversas entrevistas. Esta história não se esgota no fabrico, mas na memória de gerações que calçaram ou desejaram ter umas Sanjo. Não faltam, assim, testemunhos e exemplares originais vindos de todo o País.
“Nunca pensei que alguém guardasse umas sapatilhas durante 30 anos”, confessa a diretora. Além de diversos modelos produzidos desde 1936, como sapatos de couro e botas altas, ali se reúne quem nunca saiu à rua, mas também modelos que se cansaram para aqui chegar. São a maior referência da marca, os K100, que calçavam não só adolescentes mas também equipas de basquetebol, andebol e voleibol.
Nesta mostra, para ver até janeiro de 2011, não faltam fotografias e depoimentos de quem as usou, muito antes da recente ressurreição da marca, em versão mais colorida, mas made in China.
O apresentador de rádio e televisão Fernando Alvim inclui as velhinhas Sanjo num mundo onde a televisão era a preto e branco, o Chalana jogava no Benfica e a Dina Aguiar apresentava o Telejornal, a escritora Patrícia Reis recorda como obrigou a mãe a procurar vários detergentes para garantir que os ténis “estavam sempre impecáveis”. A estilista Anabela Baldaque, o comediante Nilton e o escritor Jorge Marmelo também puxaram das memórias da adolescência. “A Sanjo continua presente na vida das pessoas”, nota Suzana Menezes. Três décadas depois, continuam a caminhar nos pés de quem as usou…
SABIA QUE… Sanjo é uma espécie de diminutivo de São João da Madeira
“SANJO. UMA MARCA. UMA HISTÓRIA” Museu da Chapelaria R. Oliveira Júnior, 501, S. João da Madeira T. 256 201 680 Ter-Sex 9h-12h30, 14h-18h Sáb 10h-13h, 14h-18h Dom 10h30-12h30, 14h30-18h