O estado do Texas, nos Estados Unidos, está a ser gravemente afetado pelo que as autoridades norte-americanas declararam ser o maior surto de sarampo em quase 30 anos. Nas últimas semanas, o número de casos registados multiplicou-se rapidamente – chegando aos estados vizinhos do Novo México e Oklahoma – e já resultou na morte de uma criança que estava vacinada – a primeira fatalidade provocada pelo vírus no país desde 2015. Foi registada uma segunda morte, mas ainda não está confirmado que o óbito foi causado pela infeção.
De acordo com a agência Reuters, os dados confirmados na passada sexta-feira davam conta de 294 pessoas infetadas com sarampo nos estados do Texas e Novo México, ultrapassando o número total de casos registados no País em 2024, 285. Robert F. Kennedy Jr. – secretário da Saúde dos Estados Unidos e conhecido por ser anti-vacinas – garantiu que o Governo está a monitorizar o surto. “Não é incomum, temos surtos de sarampo todos os anos”, referiu.
Apesar de ter sido declarado erradicado nos Estados Unidos no ano 2000, o sarampo parece estar a voltar em força, à medida que as taxa de vacinação no País – para esta e outras patologias como a papeira e a rubéola – têm vindo a decrescer. Os especialistas acreditam que a diminuição da taxa de vacinação esteja relacionada com a pandemia de Covid-19, que levou muitas pessoas a questionar a segurança de vacinas de rotina e a um aumento da desconfiança na ciência, potencializada pela desinformação.
Considerado um dos vírus mais contagiosos de sempre, o sarampo pode resultar em complicações graves de saúde – como pneumonia ou encefalite – e levar à morte da pessoa infetada. É transmitido por via aérea, através de gotículas ou aerossóis expelidos, como acontece com tosse ou espirros. As pessoas que não tenham sido vacinadas ou que nunca tenham tido sarampo têm uma maior probabilidade de serem infetadas quando expostas ao vírus.
Número de casos também aumenta na Europa
Na Europa também tem sido registado um aumento no número de casos, provocada por uma queda na adesão à vacinação, alerta o Centro Europeu para o Controlo e Prevenção das Doenças (ECDC). “A Europa continua a sofrer surtos recorrentes de sarampo, apesar de uma vacina altamente segura, eficaz e acessível estar incluída em todos os programas nacionais de imunização da UE/EEE”, sublinhou o centro europeu através de um comunicado.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Unicef, só em 2024, foram registados mais de 127 mil casos de sarampo na Europa – o maior número desde 1997 – dos quais cerca de 40% eram crianças com menos de cinco anos. Números que preocupam as autoridades de saúde, uma vez que mais de metade dos casos necessitou de hospitalização e resultou na morte de 38 pessoas. “Sem taxas de vacinação elevadas, não há segurança sanitária. (…) Todos os países devem intensificar os esforços para chegar às comunidades sub-vacinadas”, explicou Hans Kluge, diretor regional da OMS na Europa.
Em Portugal, desde janeiro de 2025, foram registados 3 casos de sarampo, segundo a Direção-Geral da Saúde. Nenhuma das pessoas infetadas estava vacinada.