Um novo estudo científico realizado por uma equipa de investigadores da Universidade de Edimburgo e do King’s College de Londres, no Reino Unido, identificou dezenas de novos genes e variações genéticas associadas à depressão. Para a investigação, publicada recentemente na revista científica Cell, foi utilizada uma amostra populacional grande, com dados de 5 milhões de pessoas – de 29 países – das quais um quarto era de ascendência não europeia.
Os investigadores foram capazes de identificar, ao todo, 697 variações genéticas relacionadas com o desenvolvimento da depressão, das quais 293 nunca tinham sido associados a esta condição. Estas variações genéticas estavam sobretudo ligadas a neurónios, em várias regiões do cérebro, incluindo áreas de controlo das emoções. Foi ainda possível identificar 308 genes específicos associados a um maior risco de desenvolvimento de depressão.
Até agora, as investigações científicas que associavam as variações genéticas à depressão envolveram amostras com menor representação da sociedade. De acordo com os cientistas, a presença no estudo de pessoas com ascendência africana, do leste asiático, hispânica e do sul da Ásia foram determinantes para identificar parte das variações genéticas anteriormente desconhecidas, cerca de 100 das 293. “Estudos maiores e mais representativos globalmente são vitais para fornecer os ‘insights’ necessários para desenvolver terapias novas e melhores, e prevenir doenças em pessoas com maior risco de desenvolver a condição”, explicou Andrew McIntosh, um dos principais autores do estudo, ao The Guardian.
Para a investigação foi ainda testada a eficácia de mais 1 600 medicamentos – incluindo antidepressivos, a Pregabalina (utilizado para a dor crónica) e o Modafinil (na narcolepsia) – sobre esses genes e se os mesmos poderiam ser utilizados para o tratamento da depressão.
Os autores do estudo acreditam que as descobertas permitirão, no futuro, previsões mais exatas sobre o risco de depressão e o desenvolvimento de formas de tratamento mais diversificadas.