O selénio está presente na generalidade dos suplementos multivitamínicos e em vários alimentos comuns, como carne, cereais ou cogumelos. Mas as células do cancro da mama triplo-negativo também “gostam” dele e, por isso, privá-las deste antioxidante pode ser uma forma de limitar a sua proliferação, sugere um novo estudo, financiado pela Cancer Research UK.
O cancro da mama triplo-negativo é subtipo da doença, caracterizado por ser um tipo raro mas mais agressivo, que afeta sobretudo mulheres jovens, com pior prognóstico e associado a uma maior taxa de recidiva a cinco anos. É tratável e operável, mas se se alastrar a outras partes do corpo pode acabar por limitar as opções de tratamento.
Até agora, acreditava-se que sendo o selénio um antioxidante valioso, seria útil no combate às células cancerígenas. A nova investigação, no entanto, descobriu que estas apresentam uma grande necessidade de selénio sobretudo as que não fazem parte de grandes tumores e estão mais dispersas.
Quando estão juntas, as células do cancro da mama triplo-negativo produzem um tipo de molécula que contém ácido oleico, que, por sua vez, as protege de um tipo de morte celular, denominado ferroptose e que resulta da falta de selénio. Mas quando estão dispersas, como é o caso das que estão em movimento para outras partes do corpo, não podem sobreviver sem este elemento. Este efeito foi particularmente visível nas células em circulação na corrente sanguínea rumo aos pulmões.
“Precisamos de selénio para sobreviver, portanto retirá-lo da nossa dieta não é uma opção. Porém, se conseguirmos encontrar um tratamento que interfira com a absorção deste mineral pelas células do cancro da mama triplo-negativo, podemos potencialmente impedir este cancro de se espalhar por outras parte do corpo”, explica Saverio Tardito, que liderou a investigação.
O especialista sublinha que o maior problema neste tipo de cancro são as metástases, mais difíceis de controlar, pelo que se mostra entusiasmado com as possibilidades que esta descoberta oferece.