Este 22 de setembro assinala-se o Dia Mundial da Narcolepsia, uma doença neurológica crónica que afeta cerca de 1 em cada 2000 pessoas. Caracteriza-se, principalmente, por uma sonolência diurna “intensa e difícil de controlar”, resultado de uma alteração nos mecanismos cerebrais que regulam a transição entre a vigília e o sono, explica a Associação Portuguesa de Sono.
Embora rara, “a narcolepsia tem um impacto significativo na vida dos doentes, exigindo maior consciencialização e compreensão por parte da sociedade”. A doença afeta igualmente ambos os sexos e manifesta-se habitualmente na adolescência e início da idade adulta.
“Trata-se de uma condição em que o cérebro tem dificuldade em manter a vigília e controlar a transição para o sono, especialmente o sono REM,” explica Ana Catarina Brás, membro da direção da Associação Portuguesa de Sono e neurologista especialista em Medicina do Sono no Centro de Medicina do Sono de Coimbra.
Quais os sintomas?
Além da sonolência diurna excessiva, os sintomas típicos incluem cataplexia (perda súbita de força muscular relacionada com as emoções), alucinações ao adormecer ou ao acordar, paralisia do sono e sono fragmentado.
Alguns doentes também podem apresentar sono agitado, aumento do apetite e do peso, comportamentos automáticos, irritabilidade, apatia, sintomas depressivos, isolamento social, défice de concentração e diminuição do rendimento escolar ou profissional.
Um dos desafios associados à narcolepsia é o risco maior de acidentes devido aos ataques súbitos de sono e aos episódios de cataplexia. “Identificar os sintomas precocemente e iniciar o tratamento é crucial para minimizar o impacto da doença na vida dos doentes. É também importante que familiares, amigos, professores e empregadores estejam devidamente informados sobre esta condição e saibam como agir”, afirma Marta Rios, membro da direção da Associação Portuguesa de Sono e pediatra especialista em Medicina do Sono no Centro Materno-Infantil do Norte.
Qual o tratamento?
O tratamento inclui medidas comportamentais, tais como a realização de sestas programadas, uma boa higiene do sono com horários adequados e o evitar de trabalhos por turnos, além do recurso a fármacos para controlar os sintomas.
“Com a combinação certa de estratégias comportamentais e medicamentosas, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida dos doentes”, refere Marta Rios.