Seja pela dificuldade em adormecer ou por uma atividade de lazer ou laboral obrigar a um sono mais curto, praticamente todos nós já tivemos noites em que não descansámos tanto quanto queríamos e precisávamos. Como resultado, o dia seguinte é mais difícil, com o corpo a não ter a energia necessária para corresponder e o cérebro muitas vezes a demorar mais nos raciocínios, características que parecem as de alguém que tem mais anos de vida. Se alguma vez sentiu isso, não está sozinho: um estudo publicado esta quarta-feira prova que a qualidade do sono afeta a perceção que temos da nossa própria idade.
Psicólogos da Suécia concluíram que um sono repousado e consistente é fundamental para que uma pessoa se sinta mais jovem. Uma análise a 429 voluntários – 282 mulheres, 144 homens e três pessoas que não se identificam com estes géneros, com idades entre os 18 e 70 anos – permitiu perceber que quatro horas de sono durante duas noites fazia os participantes sentirem-se cerca de quatro anos mais velhos. Alguns alegaram ainda que a sonolência criava a sensação de terem mais uma década do que a idade real.
Numa outra fase, os voluntários dormiram durante nove horas e, no dia seguinte, afirmaram que se sentiam, em média, três meses mais jovens. Os participantes que relataram não terem tido noites mal dormidas ao longo do último mês disseram sentir terem quase seis anos a menos do que a idade real.
Os investigadores diferenciaram as respostas dadas pelos voluntários que se consideravam matutinos, ou seja, que gostavam de acordar e deitar-se mais cedo, dos vespertinos, que preferiam acordar e deitar-se mais tarde. E, assim, perceberam que os matutinos eram os mais afetados quando o sono era interrompido enquanto os vespertinos tinham maior tendência para se sentirem com mais idade, mesmo depois de uma noite de sono com qualidade.
Comparando todos os dados, foi possível perceber que um sono curto está associado à sensação de se ser mais velho do que aquilo que realmente se é. “Quem quer sentir-se jovem, tem que proteger o sono”, destaca Leonie Balter, Psiconeuroimunologia do Instituto Karolinska de Estocolmo e investigadora principal deste estudo.
Balter afirma que “o sono tem um grande impacto na idade que alguém sente ter”. “Mesmo que se durma menos em apenas duas noites, isso vai ter um impacto real na forma como essa pessoa se vai sentir”. A especialista refere que esta sensação não é apenas um incómodo momentâneo, mas que pode trazer prejuízos para a saúde. Segundo a análise feita aos voluntários, Balter concluiu que noites mal dormidas fomentam dietas pouco saudáveis, reduzem a vontade de praticar exercício e criam uma menor predisposição para conviver com outras pessoas ou até mesmo viver novas experiências.