Um grupo de cientistas da Universidade de Vrije, em Amesterdão, apresentou no 36º Congresso Europeu de Neuropsiquiatria um estudo que serviu para comparar as duas estratégias de combate à depressão e ansiedade. A investigação, publicada na revista médica Affective Disorders, mostrou que a corrida pode ter tantos benefícios na saúde mental de uma pessoa como a ingestão de medicamentos antidepressivos. Para o estudo foi utilizada uma amostra de 141 participantes, diagnosticados com depressão e ansiedade, dos quais 45 escolheram tomar um antidepressivo – conhecido como escitalopram – e 96 decidiram participar em sessões supervisionadas de corrida em grupo, durante 45 minutos, duas a três vezes por semana.
“Este estudo deu a pessoas ansiosas e deprimidas uma escolha na vida real: medicação ou exercício. Curiosamente, a maioria optou pelo exercício, o que levou a que os números no grupo da corrida fossem maiores do que no grupo da medicação”, explicou Brenda Penninx, professora da Universidade de Vrije, durante a apresentação do estudo no congresso que decorreu em Barcelona.
Após a experiência, ambos os grupos apresentaram melhorias significativas na depressão e ansiedade em alguns dos seus elementos. Destacou-se o grupo de corrida que, para além de apresentar melhorias na saúde mental dos seus participantes (ao obrigá-los a sair de casa e a definir objetivos pessoais), aumentou os seus indicadores de saúde, como a pressão sanguínea, a função cardíaca e o peso.
O grupo dos antidepressivos, por outro lado, mostrou uma pioria destes indicadores não tendo sentido nenhum impacto no seu dia a dia. “Os antidepressivos tiveram, em geral, um pior impacto no peso corporal, na variabilidade da frequência cardíaca e na pressão arterial, ao passo que a terapia de corrida conduziu a melhores efeitos na aptidão física geral e na frequência cardíaca, por exemplo”, explicou Penninx. Contudo, e apesar de o grupo de antidepressivos ter começado a experiência ligeiramente mais deprimido, mostrou menos desistências que o de corrida.
Para o futuro, o estudo sugere que mesmo sendo os antidepressivos seguros e eficazes deveriam ser sempre complementados com terapia física. “A medicação antidepressiva e a terapia de corrida são ambos tratamentos eficazes para os doentes com perturbações depressivas e de ansiedade. No entanto, podem atuar através de mecanismos fisiopatológicos diferentes e podem diferir no seu impacto na saúde física”, pode lê-se nas conclusões do estudo.