“Se existir o céu, deve ser isto.” A primeira “viagem psicadélica” de Manuela a bordo de uma injeção de cetamina foi pautada pela tranquilidade. Deitada no sofá de um consultório médico, de olhos vendados e auscultadores nos ouvidos, ao longo de cerca de uma hora, a arquiteta, de 59 anos, sentiu-se flutuar, viu as estrelas e sobrevoou as estepes de África.
Mas atenção: não se trata do relato de uma “boa trip”. O “voo” ocorreu durante a primeira de oito sessões de um programa de psicoterapia assistida por cetamina, que Manuela decidiu experimentar, após 39 anos de psicoterapia, “nem sempre feita de uma forma constante”, e várias combinações de fármacos, “que iam mudando frequentemente”, para lidar com a depressão e a ansiedade.