Apresentado no Congresso Internacional da Sociedade Respiratória Europeia, em Milão, um novo estudo revela que os jovens que consomem tabaco aquecido têm duas vezes mais probabilidade de sofrer de stresse crónico para o resto da vida. Liderado por Teresa To, o grupo de investigadores envolvidos no estudo acredita que, a longo prazo, o stresse crónico pode provocar danos na saúde mental dos utilizadores mais jovens.
“O stresse crónico pode levar a problemas de saúde mental como ansiedade e depressão. É importante que os jovens que sofrem de stresse crónico recebam apoio desde o início para os ajudar a evitar a recorrer a mecanismos de sobrevivência pouco saudáveis, como fumar ou vaporizar”, explicou Teresa To, durante o congresso.
Ao todo, participaram na investigação cerca de 905 jovens com idades entre os 15 e os 30 anos, dos quais 12,7 % – cerca de 115 pessoas – afirmaram ter começado a fumar durante a adolescência e sentir agora um maior nível de stress relativamente aos restantes participantes.
Apesar de a nicotina presente nos cigarros eletrónicos estar associada a uma sensação de relaxamento pelos seus utilizadores, a causa do stresse está relacionada com o vício de consumir, o que provoca ansiedade na pessoa quando esta necessita de uma nova dose de nicotina, esclarecem os investigadores. “O vaporizador não é uma forma eficaz de lidar com o stresse, mas o stresse e a ansiedade podem desencadear desejos do vaporizador e tornar mais difícil para o utilizador deixar de fumar”, revela ainda To.
Além do tabaco, foram também considerados outros fatores que podem ter impacto nos níveis de ansiedade, como o excesso de álcool e alguns problemas de saúde, como asma e diabetes. Os autores do estudo fizeram ainda notar que, apesar de a sua investigação associar a utilização de tabaco eletrónico ao stresse exibido pelos jovens, não ficou provado que o stress resulte no consumo de tabaco.
“Este estudo sugere uma ligação entre o vaping e o stresse nos jovens e acrescenta ao que já sabemos sobre os efeitos do vaping na saúde. O vaping é ainda relativamente recente, mas o número de crianças e jovens que utilizam cigarros eletrónicos está a aumentar rapidamente. Precisamos de mais investigação sobre os impactos do vaping, mas também precisamos de aumentar a sensibilização para os danos da utilização do tabaco aquecido e prestar apoio para ajudar os jovens a evitar ou a deixar de fumar”, referiu Elif Dağlı, presidente do grupo da Sociedade Respiratória Europeia sobre Tabaco, após o congresso.
Segundo Teresa To, os próximos passos na investigação deverão passar pelas consequências que os cigarros eletrónicos podem vir a ter na vida dos jovens fumadores a longo prazo.