Quando uma equipa de investigadores da University College London (UCL) levou a cabo uma pesquisa em ratos diabéticos, descobriu que estes cicatrizavam mais rapidamente quando lhes eram colocadas ligaduras com caseína – proteína presente no leite de todos os mamíferos, mas mais abundante no leite de vaca – em comparação com ligaduras normais ou mesmo quando deixavam os cortes sem tratamento.
Com base nesta descoberta, publicada na revista Royal Society, os investigadores esperam que a caseína, como é barata e está disponível, possa a vir substituir materiais mais caros que são utilizados para fazer pensos para as feridas.
“É necessário mais trabalho para garantir que os pensos de caseína sejam seguros e eficazes nos humanos, mas estes resultados iniciais são promissões”, congratulou-se Jubair Ahmed, da UCL, autor do estudo. “O nosso objetivo é fazer isto em grande escala, para que o produto final seja o mais barato possível”, acrescentou.
Os ratos diabéticos, com feridas cutâneas idênticas, foram divididos em três grupos: o primeiro foi tratado ligaduras de caseína, o segundo recebeu ligaduras normais e o terceiro não recebeu qualquer tratamento. A cicatrização foi verificada ao fim de três, sete, dez e 14 dias. Ao fim de duas semanas, as feridas tratadas com ligaduras de caseína tinham apenas 5,1% da área da ferida por cicatrizar, em comparação com o grupo não tratado, que tinha cerca de 45,6 por cento. Os ratos que foram tratados com ligaduras normais tinham cerca de 31,1% da ferida por sarar ao fim dos 14 dias.
“Houve uma grande diferença na forma como as feridas fecharam”, afirma Ahmed. O entusiasmo é partilhado com Mohan Edirisinghe, também da UCL, autor sénior do estudo: Toda a investigação realizada até agora sugere que a caseína tem potencial para cicatrizar feridas.” O mecanismo através do qual esta proteína tem esse efeito é que ainda não é claro para os cientistas. “O próximo passo será compreender as interações biológicas que ocorrem antes de podermos considerar ensaios clínicos em seres humanos.”
A caseína tem suscitado, ao longo da última década, um interesse crescente, quer pela utilidade enquanto suplemento proteico para atletas como pelas suas propriedades antimicrobianas, antioxidantes e anti-inflamatórias.