Um novo estudo, realizado por investigadores da Harvard Medical School em Boston, Massachusetts, EUA, apresentou resultados positivos relativamente a uma nova ferramenta de inteligência artificial, que afirmam ser capaz de ajudar neurocirurgiões a tratar de maneira mais eficaz tumores cerebrais.
A equipa descobriu que, através da utilização de machine learning, um ramo da inteligência artificial que se baseia no facto de os sistemas poderem aprender através dos dados, identificar padrões e tomar decisões com reduzida intervenção humana, é possível tornar a análise de um tumor cerebral mais rápida e precisa, reduzindo o tempo que os doentes ficam no bloco operatório.
Citado pelo The Guardian, Kun-Hsing Yu, professor da Harvard Medical School e um dos autores do estudo, afirma que “diferentes tipos de gliomas – um tipo comum de tumor que se origina no cérebro – requerem diferentes tipos de cirurgia” e que para remover de forma segura um glioma, ou seja, sem danificar o tecido cerebral circundante, os médicos necessitam de informações muito completas que, muitas vezes, não podem ser obtidas até que o doente esteja já a ser operado.
“Ao operar doentes com cancro no cérebro, os médicos enviam uma amostra aos laboratórios de patologia para obter feedback imediato em tempo real”, explica Yu, acrescentando que é um patologista que ajuda a “confirmar se estão a retirar o tecido correto ou que tipo de cancro cerebral o doente tem.”
O investigador esclarece ainda que um patologista é capaz de concluir a análise de uma amostra de tecido cerebral em 10 a 15 minutos, caso o laboratório esteja equipado com tecnologias de última geração, mas que “esse processo não é à prova de qualquer erro”, já que “as pessoas estão sob stress e a qualidade da amostra às vezes não é boa”, o que cria “ocasionalmente” alguns “erros de diagnóstico decorrentes desse processo rápido”.
A equipa acredita que esta nova tecnologia pode ajudar a colmatar essas possíveis falhas, ao determinar com precisão o tipo e gravidade de um determinado tumor no bloco operatório, o que permitirá ajudar os médicos a decidirem com maior rapidez e confiança que medicamentos vão injetar diretamente no cérebro do doente, como forma de destruir o tumor.
Ao jornal britânico, Dan Cahill, neurocirurgião do Hospital Geral de Massachusetts, nos EUA, referiu que “o tipo ideal de cirurgia” para este tipo de cancro “é diferente para cada doente”, sendo “significativamente influenciado pelo subtipo de glioma”. Relativamente à nova ferramente, acrescentou que a sua precisão é “impressionante” e “certamente muito melhor do que” as técnicas tradicionais de análise da composição molecular de um glioma.
Apesar dos resultados, Yu estima que a tecnologia utilizada neste estudo não estará apta a ser utlizada clinicamente durante vários anos. Terão de ser realizadas novas e extensas investigações.