Decorreu na passada semana, em Coimbra, a conferência Saúde Pós-Covid. Participaram diversos especialistas da área da Saúde, que refletiram sobre as consequências na redução dos cuidados de saúde no período pós-pandemia – como o atraso nos rastreios de doenças oncológicas e as patologias que surgiram como sequelas do vírus, como a Covid longa.
As principais conclusões da iniciativa, organizada pela Associação Portuguesa de Seguradoras, foram as seguintes:
- A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 6% das infeções sintomáticas resultam no denominado “estado pós-Covid-19”
- Em Portugal, estima-se que cerca de 336 mil pessoas tenham tido Covid longa – os sintomas incluem fadiga, dificuldades respiratórias, alterações cognitivas e dificuldade em “recuperar a vida normal”
- Com a pandemia surgiram novas patologias, como o “coração Covid”, o “pulmão Covid”
- A pandemia causou atrasos no rastreio e início do tratamento de doentes oncológicos e estas situações podem trazer resultados adversos – em Portugal, em 2020, as mamografias de rastreio foram reduzidas em 50%.
Presente na conferência, Filipe Froes, pneumologista que fez parte da equipa da Direção Geral da Saúde no combate à Covid-19, referiu que “a herança da pandemia continua por cá” e que temos de ter “noção das suas consequências”. Elencou ainda as principais sequelas do vírus em doenças cardiovasculares, respiratórias ou mentais, e falou no surgimento de novas patologias, como o “coração Covid” ou o “pulmão Covid”. Quanto aos sintomas da Covid longa, o médico alertou que ainda não há tratamentos específicos para esta sequela da doença.
Já Paulo Cortes, coordenador do Centro de Oncologia do Hospital Lusíadas Lisboa, também presente, frisou que, em Portugal, em 2020, as mamografias de rastreio “foram reduzidas em 50%” porque muitos doentes optaram por não procurar cuidados médicos.
O médico observou que os “atrasos ou mesmo os cancelamentos das consultas de rastreio” tiveram como resultado o atraso no início de tratamentos, com prejuízo para os doentes, já que “um tempo de espera longo” até se ter o diagnóstico contribui para o avanço da patologia, sendo, depois, detetada em “estadios mais avançados”.