“Aqui descrevemos o primeiro caso de um cão com infeção confirmada pelo vírus da varíola dos macacos que pode ter sido adquirida por transmissão humana”, lê-se num artigo publicado na revista científica The Lancet, que descreve o que poderá ser o primeiro caso de transmissão de Monkeypox de humanos para um animal de estimação.
O cão, um galgo italiano de quatro anos que estava constantemente perto dos donos, dormindo inclusive com eles, começou a ter sintomas 12 dias após o casal ter sido diagnosticado. Segundo é descrito na investigação, os dois homens “que fazem sexo com homens” recorreram ao hospital universitário Pitié-Salpêtrière, em Paris, no dia 10 de junho de 2022, quando começaram a notar que tinham feridas no corpo.
“Um dos homens é latino, de 44 anos, e tem VIH com cargas virais indetetáveis com antirretrovirais. O segundo homem é branco, de 27 anos e está negativo para o VIH. Os homens são parceiros não exclusivos que vivem na mesma casa”, descrevem os autores do estudo.
Os homens apresentaram ulceração [nome dado a lesões superficiais] anal seis dias após terem tido sexo com outros parceiros. Num dos casos, a ulceração evoluiu para erupções cutâneas na face, orelhas e pernas. No outro doente, a situação agravou-se para as pernas e nas costas. Ambos tiveram dores de cabeça, febre e sensação de fraqueza, quatro dias depois do diagnóstico.
“Após 12 dias do início dos sintomas, o galgo italiano macho, com 4 anos de e sem distúrbios médicos prévios, apresentou lesões mucocutâneas, incluindo pústulas no abdómen e uma ulceração anal”, descrevem os investigadores. O cão também testou positivo para o vírus da varíola dos macacos.
Os donos relatam que “tiveram o cuidado de evitar que seu cão entrasse em contacto com outros animais de estimação ou humanos desde o início dos seus próprios sintomas”.
“Este é o primeiro caso relatado de transmissão de humano para animal… e acreditamos que é o primeiro caso de um canino infetado”, disse Rosamund Lewis, líder técnica da OMS para a Monkeypox. Os especialistas, avança Lewis, estavam cientes deste risco teórico, e as agências de saúde pública já aconselhavam aqueles que sofrem da doença a “isolarem-se dos seus animais de estimação”. É vital que as pessoas “tenham informações sobre como proteger os seus animais de estimação, bem como como gerir os seus resíduos para que os animais em geral não sejam expostos ao vírus da Monkeypox”, afirma a especialista.