Investigadores da Universidade de Meiji, em Tóquio, em parceria com a fabricante de produtos alimentares Kirin, desenvolveram os primeiros pauzinhos que conseguem artificialmente adicionar o sabor do sal aos alimentos. O protótipo, que os cientistas esperam estar pronto para comercialização já no próximo ano, consegue salgar a comida através de um estímulo elétrico e um mini-computador colocado no pulso da pessoa que estiver a utilizá-lo.
Os pauzinhos aplicam uma corrente elétrica de baixa intensidade para “ajustar a função de iões como o cloreto de sódio ou o glutamato monossódico de forma a alterar a perceção do sabor dos alimentos, tornando-o mais forte ou fraco”, pode-se ler num comunicado da Kirin.
Os cientistas envolvidos no projeto dizem que o principal objetivo do produto é estimular hábitos de alimentação mais saudáveis entre o povo japonês. Derivado da suas dietas habituais, os nipónicos consumem em média 10 gramas de sal por dia – mais do dobro da dose recomendada pela Organização Mundial de Saúde. O consumo excessivo de sal tem gerado preocupação entre as instituições de saúde internacionais e está ligado a várias doenças, como a demência, osteoporose ou hipertensão arterial. Esta última é uma das principais causas de complicações cardiovasculares, incluindo ataques cardíacos, e, segundo um estudo publicado em 2020, afeta cerca de 43 milhões de japoneses.
Daí o ministério da saúde japonês ter sinalizado a intenção, através de uma declaração pública, de promover a redução do nível de sal ingerido diariamente pelos cidadãos do Japão. Nesse sentido, Ai Sato, um dos investigadores da Kirin, espera que esta invenção possa suavizar o processo, tornando-o menos doloroso.
“Para prevenir certas doenças, precisamos reduzir a quantidade de sal que tomamos. Se tentarmos evitar consumir menos sal de uma forma convencional, teremos de suportar a dor de cortar os nossos alimentos favoritos da nossa dieta, ou tolerar comer alimentos mais insípidos”, diz Sato.
Após os testes clínicos, onde várias pessoas experimentaram uma versão de sopa de miso com pouco sal, Homei Miyashita, professor na Universidade de Meiji, garantiu que o protótipo é capaz de tornar o sabor a sal dos alimentos insípidos 1,5 vezes mais intenso.