As autoridades de saúde britânicas classificaram a BA.2, uma linhagem da variante Ómicron, como “variante sob investigação”. Apesar de a linhagem original da Ómicron (a BA.1) ser, neste momento, a dominante, a BA.2 tem-se espalhado rapidamente. Para já, os cientistas não a veem com grande preocupação, já que parece ter as mesmas características que a original, embora possa ser mais transmissível.
A Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês) refere que foram detetados (através da sequenciação do genoma) 426 casos desde o dia 6 de dezembro, sendo a maior parte, 146, na cidade de Londres.
Dos 40 países que já reportaram amostras com a BA.2, a Dinamarca destaca-se com 6411 casos. Não se sabe a origem desta sub-linhagem, mas o primeiro país a reportar ao sistema internacional de monitorização (o GISAID) foi as Filipinas.
Em Portugal, segundo dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), a linhagem BA.2 foi detetada em amostras aleatórias na última semana de 2021.
De acordo com o último relatório de Monitorização das Linhas Vermelhas, o predomínio da variante original da Ómicron foi estimada em 93% das infeções no dias 7-9 de janeiro. Desde essa data, “tem-se verificado um decréscimo da proporção de amostras positivas com ‘falha’ na deteção do gene S (indicador de caso suspeito de BA.1), possivelmente relacionado com a entrada em circulação da linhagem BA.2”, pode ler-se no documento.
É esse o busílis na BA.2. Ambas as linhagens da Ómicron têm muitas mutações na proteína Spike (a chave para a entrada no vírus nas nossas células), sendo muitas delas partilhadas. No entanto, a BA.2 não tem uma dessas mutações, a ‘falha’ na deteção do gene S, que está nos parâmetros dos testes PCR. Daí ter-se feito uma análise laboratorial a algumas amostras aleatórias com a pesquisa dirigida a teste positivas sem perfil S.
O director do UKHSA, Meera Chand, diz que faz parte da “natureza dos vírus evoluir e sofrer mutações”, sendo de esperar que “continuemos a ver novas variantes surgirem à medida que a pandemia avança”. Só a investigação, acrescenta, permite avaliar se essas mutações são “significativas”.
Se a BA.2 começar substituir a linhagem original da Ómicron (a BA.1), como está a acontecer na Dinamarca, isso “quer dizer que a segunda linhagem da Ómicron é mais transmissível do que a primeira. Não há outra hipótese”, explicou João Paulo Gomes, microbiologista do INSA, em entrevista ao Diário de Notícias. No entanto, ressalva, isso “não quer dizer que seja motivo de preocupação, porque continuamos a falar da Ómicron, que é uma variante menos severa.”