Todas as dúvidas, esclarecidas por Afonso de Almeida Vale, especialista em Medicina Geral e Familiar no Hospital CUF Descobertas, em Lisboa e pela nutricionista Raquel Oliveira, do Hospital dos Lusíadas Braga.
O que é o colesterol?
O colesterol é a gordura do nosso corpo. Como explica Almeida Vale, “é um tipo de gordura (lípido)” importante “para o funcionamento do nosso organismo”. Isto porque, sublinha, “é a componente estrutural das membranas e está presente no coração, cérebro, fígado, intestinos, músculos, nervos e pele”. A alimentação é fundamental no processo que pode levar a um aumento desta gordura “que não se dissolve no sangue”, já que, assenta o especialista, o excesso de consumo de alimentos ricos em gordura “leva a que o fígado produza mais colesterol do que o normal”.
Há bom e mau colesterol?
O colesterol tem “várias subfações”, como refere Almeida Nunes, clínico de Medicina Interna, no Hospital Lusíadas Braga, o “chamado mau, que se designa pela sigla LDL (low density lipoprotein)”, sendo este deve ser “o mais baixo possível, idealmente inferior a 100 mg/dl”, e “o chamado bom, o HDL (high density lipoprotein”, que deve ser “superior a 50 mg/dl”.
Quando é que o colesterol se torna perigoso?
Como não causa sintomas como, por exemplo, “cansaço, dor de cabeça, falta de ar ou dor no peito”, enumera Afonso de Almeida Vale, só “através de exames de sangue” é possível saber os níveis. Apesar de não existir um “um valor comum considerado perigoso”, atesta o médico, há níveis a que se deve estar atento.
Quais os níveis ideais?
De acordo com o especialista em Medicina Familiar, os “níveis desejáveis são”: colesterol total < 190 mg/dl; colesterol LDL < 130 mg/dl; colesterol HDL > 40 mg/dl.
O que causa o colesterol alto?
Cerca de “30% do colesterol depende da alimentação”, diz o especialista em Medicina Interna, por isso, há que ter “contenção na ingestão de gorduras saturadas, como as carnes vermelhas, e maior recurso às gorduras insaturadas, como a maioria das gorduras dos peixes e do azeite”. E conclui com um aviso: “Muito cuidado com as gorduras trans [usadas para que os alimentos durem mais tempo], são as mais perigosas.” Mas há outros fatores, enumera Afonso de Almeida Vale, como a menopausa, a obesidade, o sedentarismo, o tabagismo e a diabetes.
O colesterol alto é hereditário?
A “história familiar”, nota Almeida Vale, é um fator de risco. “Se o colesterol alto é devido aos genes herdados, uma pessoa pode nascer com níveis elevados de colesterol LDL, devendo realizar acompanhamento médico desde a infância.”
Como se trata, quando está alto?
Os fármacos utilizados para reduzir o LDL (mau colesterol) e aumentar o HDL (bom colesterol) “são as estatinas”, explica o especialista de Medicina Familiar. Estes medicamentos são “inibidores da enzima HMG-coA reductase (a enzima do fígado responsável pela produção de colesterol)”. Podem, também, ser usados outros comprimidos “para reduzir a absorção de colesterol no intestino”.
Como se previne?
Além da alimentação, há outras regras que se devem cumprir, segundo Almeida Vale. “Fazer exercício durante 30 a 60 minutos por dia”, assim como “não fumar” e “evitar o stresse emocional”.
Quais são os riscos do colesterol alto?
O excesso de colesterol que se “deposita nas artérias”, nota o médico, provoca uma “placa de gordura” a que se dá o nome de aterosclerose e que pode ter como consequência, continua, a hipertensão arterial, a insuficiência cardíaca, um enfarte agudo do miocárdio ou um AVC.
Tem cura?
Caso seja genético, refere Almeida Vale, o controlo é feito “com medicamentos, alimentação e atividade física”. Nos outros casos, conclui, “reeducação alimentar e atividade física ajudaram a controlar”.
Alimentos bons e maus para o colesterol
As carnes magras são melhores do que as vermelhas, e o leite e derivados devem ser magros. Estes são os alimentos bons e maus que a nutricionista Raquel Oliveira, do Hospital dos Lusíadas Braga, aconselha a comer e a evitar
Os bons aliados
Cereais integrais
Hortícolas crus e/ou cozidas
Leguminosas (incluindo soja e proteína de soja)
Fruta fresca
Peixe magro e gordo
Aves sem pele
Leite e iogurte desnatados (magros)
Azeite
Vinagre
Mostarda
Molhos sem gordura
Alimentos grelhados, cozidos ou cozinhados a vapor
Os inimigos
Bolos de pastelaria
Tartes
Croissants
Alimentos cozinhados em manteiga ou natas
Salsichas
Salame
Bacon
Costeletas
Vísceras
Leite gordo e derivados
Manteiga e margarinas sólidas
Banha
Gorduras trans
Óleos de coco e palma
Fritos e assados com molhos e gorduras
No vídeo, conheça ainda os vários tipos de gordura: a boa, a má e a vilã