Um grupo de investigadores da Universidade de Queen Mary, em Londres, quis perceber a relação de causalidade entre um conjunto variado de fatores e o risco de ficar infetado com Covid-19. Aos cerca de 16 mil adultos, do Reino Unido, que participaram no estudo, foram pedidos dados relativos à idade, altura, dietas, estilos de vida e se estavam a tomar alguma medicação ou tinham sido vacinados contra a Covid-19.
Quase todos os participantes (15.227) responderam a um questionário inicial de acompanhamento e 14.348 preencheram o questionário final do estudo antes do dia 5 de fevereiro. A idade média dos inquiridos era de 59 anos; 70% eram mulheres e 95% identificaram-se como brancos na secção de origem étnica. A inclusão no estudo foi voluntário, pelo que as minorias étnicas não estiveram devidamente representadas.
A investigação, que decorreu entre maio de 2020 e fevereiro de 2021 (e portanto antes do surgimento da variante Delta) concluiu que algumas condições alérgicas — como a rinite alérgica, o eczema ou a asma — funcionam como fatores de maior proteção contra a Covid-19.
A pesquisa reforça a tese de que os fatores de risco que levam ao desenvolvimento da Covid-19 diferem daqueles que levam ao estado grave e crítico da doença, tal como explica Adrian Martineau, co-autor e professor da universidade Queen Mary: “Há uma sobreposição limitada entre os fatores de risco para o desenvolvimento de Covid-19 versus aqueles para admissão em unidade de terapia intensiva e morte.”
Para além destas evidências, há outras conclusões relevantes a extrair do estudo. Os investigadores adaptaram a pesquisa a fatores demográficos e socioeconómicos que possam agravar as possibilidades de infeção: os adultos de descendência asiática ou asiático-britânicos revelaram ter o dobro da probabilidade de contração da Covid-19 em relação ao “homem branco britânico”. Também quem viva em alojamentos sobrelotados tem, obviamente, o risco de infeção mais elevado, bem como pessoas com um elevado índice de massa corporal. O estudo não aponta a qualquer associação entre maior risco de contágio ligado ao género, idade mais avançada ou outras condições médicas previamente identificadas, contrariando o que estudos passados indicaram.
Registaram-se 446 infeções pela Covid-19 durante o período do estudo, aproximadamente 3% da amostra.
Em comunicado, os investigadores destacam o cariz observacional do estudo, não podendo, portanto, ser estabelecida causa direta.