Os Estados Unidos da América começaram a vacinar crianças dos 5 aos 11 anos contra a Covid-19, esta quarta feira, e, na Europa, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) já está a avaliar se também recomendará a administração da vacina da Pfizer às crianças desta faixa etária.
Com 87% da população vacinada, o nosso País inocula agora, além de idosos, crianças com pouco mais de 12 anos, muitas vezes assintomáticas. Em alguns casos, os pais podem perceber que a criança acabou por receber a vacina quando já estava infetada com o vírus. Será perigoso?
Miguel Prudêncio, investigador principal do Instituto de Medicina Molecular da Universidade Nova de Lisboa (iMM) assegura que não, mas relembra que o protocolo, geralmente, indica que nenhuma vacina deve ser tomada quando as pessoas apresentam uma infeção aguda. “O nosso sistema imunitário já se encontra a combater um vírus e receberá mais uma informação, com a vacina, que terá de assimilar”, explica o especialista.
Sabendo que se está infetado na altura em que seria suposto tomar a vacina, deve-se adiar a toma da mesma e alertar o Serviço Nacional de Saúde. No entanto, tal não significa que, caso seja vacinado sem saber que está infetado com SARS-CoV-2, a criança ou o adulto estarão em risco. “Não há risco significativo, sobretudo nas crianças, que, normalmente, têm sistemas imunitários robustos”.
Quanto aos efeitos secundários da vacina, Miguel Prudêncio afirma que não serão mais fortes caso o vacinado esteja infetado com o vírus da Covid-19 na altura da inoculação.
Tomar a vacina quando se está infetado altera a agressividade da infeção por SARS-CoV-2?
Também não. A Covid não será mais agressiva pelo facto de a pessoa ter sido vacinada quando estava infetada. “A vacina contra a Covid-19 nem sequer tem o vírus presente, apenas uma proteína do mesmo”, sublinha Prudêncio.
Da mesma forma, a Covid-19 também não será mais leve, pois o tempo que a vacina demora a criar imunidade, cerca de 14 dias, “é mais ou menos o tempo que o corpo demora a debelar a infeção”.
Miguel Prudêncio refere ainda que não há nenhuma recomendação específica em termos terapêuticos para quem é vacinado quando está infetado, recomendando apenas que se tome um paracetamol caso se sintam muitas dores de cabeça e febre. Mas relembra, “estes sintomas, se forem já da Covid e não da vacina não têm um tratamento medicamentoso específico, como acontece para casos graves de Covid-19 se encontram internados no hospital”.
O imunologistado iMM Luís Graça relembra também que todos os vacinados que percebam que receberam a vacina quando já estavam infetados, tomarão a segunda dose seis meses mais tarde, tal como a restante população que é considerada “recuperada da Covid-19”.