Na esperança de convencer mais mulheres grávidas a vacinarem-se contra a Covid-19, o serviço nacional de saúde (NHS) do Reino Unido divulgou novos dados que revelam sérios riscos da doença para esta faixa da população: uma em cada seis pessoas nos cuidados intensivos infetadas com o novo coronavírus são mulheres grávidas.
Especificamente, 20 dos 118 doentes com Covid-19 que precisaram de ventilador entre julho e setembro deste ano eram mulheres grávidas e, deste número, 19 não tinham tomado qualquer dose da vacina, enquanto uma tinha sido inoculada apenas com a primeira dose.
“Esta é mais uma evidência muito forte de que a vacina contra a Covid-19 pode mantê-la a si, ao seu bebé e aos seus entes queridos a salvo e fora do hospital”, referiu Jacqueline Dunkley-Bent, chefe das parteiras em Inglaterra. “As mulheres grávidas podem receber a vacina em qualquer estágio da gravidez, mas os riscos que as mulheres grávidas não vacinadas enfrentam de ficarem gravemente doentes com Covid-19, mostram exatamente porque as aconselhamos a fazerem-no o mais cedo possível”, acrescentou.
Esta comunicação do NHS surge no seguimento de um novo estudo publicado recentemente que confirma que a Covid-19 pode originar complicações sérias para a saúde da gestante e do bebé. O estudo, realizado no Centro Médico Mayanei Hayeshua, em Israel, confirmou que as grávidas com Covid-19 têm mais probabilidade de sofrer de diabetes durante a gestação, descida do nível de glóbulos brancos e complicações respiratórias durante e após o parto.
O artigo, publicado no Journal of Maternal-Fetal and Neonatal Medicine, mostrou ainda que a Covid-19 pode aumentar o risco de complicações respiratórias para o bebé. Elior Eliasi, co-autor do estudo, afirmou que a investigação apoia “a importância de vacinar todas as mulheres grávidas, em todos os estágios da gravidez”. O risco destas complicações de saúde foi quase 20% mais elevado nas mulheres que tinham sintomas de Covid-19, e 14% mais elevado para as doentes assintomáticas.
Um outro estudo, do Ramo Médico da Universidade do Texas, que acompanhou 100 mulheres grávidas com Covid-19 que deram à luz entre março e setembro do ano passado, verificou que 58% das mulheres que apresentavam sintomas realizaram os partos em circunstâncias de emergência. Já nas mulheres assintomáticas, esse valor foi de 46 por cento. Os recém-nascidos também sofreram alguns efeitos negativos: havia mais probabilidades de diminuição do movimento fetal, e alguns tinham muito pouco líquido amniótico.
“A Covid-19 tem efeitos severos no corpo, especialmente em doentes sintomáticos”, diz Kristine Lane, estudante de medicina que esteve envolvida no estudo. “É possível que estes efeitos sejam amplificados em mulheres grávidas, que têm necessidades maiores de oxigénio, para si e para o feto”.
A vacinação das mulheres grávidas tornou-se um desígnio particularmente importante, especialmente tendo em conta as preocupações de muitas mulheres sobre a segurança da vacina para as grávidas e os bebés. No entanto, as autoridades de saúde já asseguraram que as vacinas contra a Covid-19 são seguras para as grávidas, e que não aumentam o risco de aborto ou de nados-mortos, nem afetam a fertilidade.
“A notícia de que as mulheres grávidas não vacinadas constituem agora quase 20% dos doentes com Covid-19 mais gravemente doentes de Inglaterra é uma acusação condenatória da falta de atenção dada a este grupo vulnerável, uma vez que as restrições diminuíram”, considera Sarah McMullen, Diretora de Impacto e Envolvimento na NCT Charity.
Em Portugal, as grávidas com 16 ou mais anos podem ser vacinadas contra a Covid-19 a partir das 21 semanas de gestação, depois de fazerem a ecografia morfológica, e respeitando um intervalo de 14 dias de qualquer outra vacina. “Desconhece-se se a vacina é excretada no leite humano, no entanto, com os dados existentes sobre estas vacinas, não é expectável a existência de efeitos adversos na criança amamentada”, assim se lê no site da Direção-Geral da Saúde. Também as mulheres que estão a amamentar podem ser vacinadas.