Um artigo publicado na semana passada na revista científica Clinical Infectious Diseases sugere que as novas variantes do SARS-CoV-2 estão a viajar mais facilmente através do ar, aumentando assim a sua propagação. Foram analisados no estudo pacientes infetados com Covid-19, e recolhidas amostras de sangue, saliva, exsudado da nasofaringe e ainda amostras da respiração dos pacientes com recurso a uma máquina que permite medir os vírus na respiração exalada, através de um sistema de recolha de aerossóis. Estes testes foram conduzidos entre maio de 2020 e abril de 2021.
Foi detetado ARN do SARS-CoV-2 (ácido ribonucleico, o material genético do vírus) em 45% dar partículas finas dos aerossóis, e em 31% das maiores nas amostras de pacientes infetados com a variante Alpha, que começou por ser designada como variante britânica. Esta variante foi associada a uma carga viral presente nos aerossóis expelidos durante a fala 43 vezes superior em relação à versão original do coronavírus. Também as amostras de saliva e do exsudado da nasofaringe apresentavam quantidades mais altas de carga viral. O uso de máscaras reduziu a carga viral em 48% e 77%, nas partículas finas e grosseiras dos aerossóis, respetivamente.
Os resultados deste estudo levaram os cientistas a concluir que as novas variantes de Covid-19 estão a tornar-se mais eficazes a propagar-se através do ar, em particular através dos aerossóis expelidos durante a fala e a respiração. As máscaras mais largas, que não aderem completamente ao rosto (como é o caso das máscaras cirúrgicas), proporcionam proteção “significativa, mas modesta”, uma vez que podem não proteger o utilizador dos aerossóis mais finos. Aliás, duas amostras de aerossóis finos, recolhidos enquanto os pacientes utilizavam máscara, apresentavam carga viral. Assim, recomendam o uso de máscaras mais justas ao rosto (como as máscaras FFP2) até que a taxa de vacinação seja muito alta.
“Sabemos que a variante Delta, que se encontra agora em circulação, é ainda mais contagiosa do que a Alpha”, diz Don Milton, investigador na Escola de Saúde Pública da Universidade de Maryland e co-autor do estudo. “A nossa pesquisa indica que as variantes estão a tornar-se mais eficientes a viajar através do ar, por isso temos de garantir uma melhor ventilação e usar máscaras justas ao rosto, além da vacinação, para ajudar a travar a propagação do vírus.”