Até à chegada da variante Delta, as vacinas ofereciam uma eficácia de 91%. Os resultados de um novo estudo do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) mostram que, desde que a recente variante passou a dominar a maioria dos novos casos, a eficácia das vacinas baixou para 66%.
“Embora tenhamos visto uma redução na proteção da vacina Covid-19 contra a variante Delta, ainda é uma redução de dois terços do risco”, explicou a epidemiologista do CDC Ashley Fowlkes à CNN, na última terça-feira.
Vários estudos a nível mundial têm mostrado as mesmas conclusões que o relatório do CDC e evidenciam o facto de a variante Delta estar a causar infeções secundárias em pessoas com a vacinação completa. Ainda assim, a eficácia das vacinas continua a ser elevada em todas as variantes, reduzindo o números de hospitalizações e mortes.
“Ainda é uma vacina muito poderosa”, acrescentou Fowlkes, especialmente quando se trata de resultados mais graves”.
O estudo focou-se no acompanhamento de “profissionais de saúde, socorristas e outros profissionais essenciais e da linha da frente” que fizeram testes PCR semanais em seis estados dos EUA. A grande maioria das pessoas testadas é vacinada e o método permitiu definir um quadro mais completo das infecções por Covid-19 entre o grupo de vacinados e não vacinados.
Durante os meses em que a variante Delta foi predominante, os investigadores encontraram 19 infeções entre 488 pessoas não vacinadas e 24 infecções entre 2 352 pessoas totalmente vacinadas. No entanto, não foi possível perceber se o declínio da imunidade pode contribuir para o aumento da propagação do vírus. Outras investigações sugerem que, mesmo que uma pessoa vacinada seja infetada, é menos provável que espalhe o vírus.
Os autores planeiam desenvolver outro estudo que compare as diferentes vacinas contra a Covid-19, bem como os tipos de sintomas que pessoas vacinadas e não vacinadas desenvolvem.
Um outro estudo, desenvolvido em Los Angeles, reafirma que pessoas totalmente vacinadas têm uma menor probabilidade de serem hospitalizadas nos cuidados intensivos, do que pessoas não vacinadas.
“A 25 de julho, as taxas de infeção e hospitalização entre pessoas não vacinadas foram 4,9 e 29,2 vezes, respectivamente, aquelas em pessoas totalmente vacinadas”, pode ler-se no estudo.
Nos EUA ainda existem cerca de 80 milhões de pessoas ainda não vacinadas e os hospitais de vários estados estão sobrecarregados com um aumento no número de pacientes. O regresso às aulas também está a provocar um aumento do número de infeções em crianças.
Em entrevista à CNN, Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas e principal conselheiro médico do presidente disse que se a “esmagadora maioria” da população for vacinada, os EUA podem ter a pandemia “sob controlo” na primavera de 2022.
Ainda não está claro para os especialistas que proporção da população precisa de ser vacinada para alcançar um nível de proteção que possa sustentar um retorno à normalidade. Portanto, a melhor maneira de avançar é vacinar o máximo de pessoas possível, acrescentou Fauci. Com um maior número de vacinados é possível reduzir as hospitalizações e, por consequência, o vírus irá diminuir a sua circulação.
Os EUA já podem administrar a vacina Pfizer a partir dos 16 anos e as empresas e órgãos governamentais já podem exigir a vacinação aos funcionários. O estado de Nova Iorque, por exemplo, já exige que todos os funcionários do governo e da área da saúde sejam vacinados.
O próximo objetivo é autorizar uma vacina para crianças entre os cinco e 11 anos, que representam cerca de 9% da população do país, o que pode acontecer até ao final do ano.