Cada vez mais ouvimos falar de que a demência está a afetar a população idosa e a tendência é para piorar. Alguns studos indicam que, nos próximos 20 anos, o número de casos pode duplicar e, portanto, é essencial que sejam desenvolvidas estratégias para reduzir o risco de declínio cognitivo.
Um estudo publicado na revista NeuroImage testou se a prática de exercício podia contribuir para retardar a deterioração da matéria branca do cérebro. Os resultados da investigação dão conta de que a atividade física pode, de facto, refrescar e renovar a matéria branca, melhorando potencialmente a capacidade de raciocínio e memória a longo prazo.
Os quase 250 participantes envolvidos no estudo tinham entre 60 e 79 anos, eram saudáveis, pouco ativos (realizaram menos de dois treinos por semana nos últimos seis meses) e foram testados a nível da aptidão aeróbia e habilidades cognitivas, assim como foi avaliada a saúde e a função da massa branca, através de uma ressonância magnética ao cérebro. Os homens e mulheres voluntários foram divididos em três grupos, que praticaram atividades diferentes: caminhada, dança e flexibilidade. Ao longo de seis meses, foram examinados os efeitos do exercício aeróbio no desempenho cognitivo e na saúde do cérebro, sendo que os testes foram repetidos no final do período da experiência.
O grupo da caminhada juntava-se três vezes por semana e andava 40 minutos a 60-75% da frequência cardíaca máxima. O grupo da dança desenvolvia coreografias três vezes por semana e registava a frequência cardíaca após cada dança. O grupo de flexibilidade realizava exercícios três vezes por semana para melhorar a flexibilidade, força e equilíbrio, através de ioga ou de exercícios com bandas de resistência.
Os resultados deste estudo, registado no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, mostraram que quem caminhou e dançou melhorou a capacidade aeróbica como esperado e a matéria branca parecia estar renovada.
Nos novos exames, as fibras nervosas em certas partes do cérebro pareciam maiores e as lesões existentes tinham reduzido. Os resultados mais positivos corresponderam aos participantes que ficaram no grupo da caminhada, os quais também melhoraram o desempenho nos testes de memória, ao contrário dos participantes incluído no grupo de dança. Enquanto isso, os membros do grupo de flexibilidade, que não trabalharam a parte aeróbica, mostraram declínio da saúde da massa branca do cérebro após os seis meses, com queda no desempenho cognitivo.
As descobertas sugerem que a matéria branca do cérebro adulto retém a plasticidade em regiões vulneráveis e que é possível ver mudanças a curto prazo. Algumas caminhadas por semana podem ajudar a combater a perda de memória. Quanto aos mais jovens, ainda não é claro se os exercícios aeróbios também beneficiam, a longo prazo, a memória e o raciocínio.