André Peralta Santos, diretor de serviços de informação e análise da Direção-Geral da Saúde (DGS) fez o balanço da situação epidemiológica no País na reunião de peritos para avaliação da situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal, no Infarmed, em Lisboa.
Desde o mês de março até 25 de maio regista-se uma incidência baixa a moderada, com uma ligeira tendência crescente na última semana.
“Não são muitos os concelhos com incidência superior a 120 casos por 100 mil habitantes”, que representam 683 mil habitantes, ou seja, cerca de 7% da população. O concelho de Lisboa, o mais populoso do país, apresenta uma incidência superior a 120 casos por 100 mil habitantes.
A região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), em particular a Área Metropolitana de Lisboa, apresentou “crescimentos da incidência por ser uma zona com grande densidade populacional e com movimentos pendulares intensos” o que, de acordo com André Peralta Santos, “pode representar uma maior preocupação”.
Em termos de regiões, aquela com a linha de crescimento mais pronunciada é a de LVT, “mas ainda bem abaixo dos 120 casos por 100 mil habitantes”. No entanto, está acima da média da incidência nacional.
Existe um foco de infeções no concelho de Lisboa, e em alguns concelhos vizinhos, onde existem freguesias com mais de 120 casos por 100 mil habitantes. André Peralta Santos sublinhou que são as freguesias do centro de Lisboa que apresentam incidências maiores, “superiores a 240 casos por 100 mil habitantes”. Também as freguesias contíguas apresentam uma incidência superior a 120 casos por 100 mil habitantes e já há algumas freguesias fora do concelho de Lisboa com incidência superior a 120 casos.
Quando à variação da incidência, algumas das freguesias mais centrais da capital já apresentam uma tendência de descida, “mas o crescimento está a dispersar-se ao longo das freguesias mais periféricas da cidade e também dos concelhos vizinhos”.
Ao nível da incidência por idades, é maior no grupo dos 20 aos 29 anos e, também, dos 30 aos 40, ou seja, é a população dos adultos jovens aquela que tem maior incidência. Contudo, a incidência nos 80+, já com taxas de vacinação muito elevadas, mantém a tendência decrescente.
A comparação entre o dia 1 e 25 de maio mostra que na faixa etária dos 80 há uma redução de quase 50% da incidência. Já na população dos 20 aos 30 a incidência é superior aquela que se verificava no início do mês. No entanto, a maioria das faixas etárias registam incidências inferiores às do início de maio.
Comparando com o início da fase de desconfinamento, no mês de março, todas as faixas etárias têm reduções significativas da incidência, elas são mais pronunciadas nas faixas etárias superiores aos 80 anos. Em termos de padrão atual, a incidência atinge um pico por volta dos 25 anos.
No que diz respeito às consequências da doença, as hospitalizações continuam numa tendência decrescente, “apesar de em menor ritmo”. Atualmente, a faixa etária com mais doentes internados é a dos 40 aos 59 anos, “o que é um fenómeno expectável”, à medida que se vai protegendo a população mais idosa.
Os números das hospitalizações em enfermaria são bastante reduzidos. A variação desde 15 de março mostra uma redução muito expressiva no grupo dos 80+, mas também dos 60 aos 79 anos. Já nas unidades de cuidados intensivos, o grupo dos 40 aos 59 e dos 60 aos 79 têm hospitalizações em número muito semelhante.
A mortalidade mantém-se em níveis muito baixos: três mortos por milhão de habitantes.
Em relação à testagem, a intensidade já foi maior em semanas anteriores, “mas continua-se a fazer testagem a bom ritmo”: 270 mil testes numa semana (aproximadamente 75% eram testes rápidos de antigénio). A maioria dos municípios está na faixa dos mil a 2500 testes por semana por 100 mil habitantes.
“A positividade continua bastante abaixo do valor de referência dos 4%, apesar de ter aumentado ligeiramente nas últimas semanas”, referiu o especialista.
A comparação entre as duas últimas semanas mostra que é a população ativa aquela que continua a fazer o maior número de testes. Em termos de positividade por idade, na última semana, houve um ligeiro aumento dos 10 aos 40 anos.
André Peralta Santos realçou ” o esforço que foi feito em termos de testagem, quase 1 milhão de testes de rastreio, a maioria nos estabelecimentos de ensino com, aproximadamente, 3 800 notificações positivas”.
Foram apresentados dados sobre as pessoas que após cumprirem o seu ciclo de vacinação, e passados 14 dias, adquiriram a infeção por SARS-CoV-2. Desde o início de janeiro, e para a população 80+, foram 272 pessoas, 15 delas foram hospitalizadas e zero morreram. “Estes números atestam bem o poder que as vacinas têm na redução não só da doença, mas também das suas manifestações mais negativas”.
Com uma grande percentagem dos 80+ vacinados, “é normal que existam alguns casos muito esporádicos de indivíduos que mesmo com a vacinação completa possam vir a adquirir a doença, mas na esmagadora dos casos a doença é ligeira e não requer hospitalização”, reforçou, antes de concluir: “Não se verificaram, até agora, mortes por covid em pessoas que têm a vacinação completa”.