“Nas últimas duas semanas houve uma tendência essencialmente estável da incidência cumulativa a 14 dias, o que é um bom sinal”, revelou André Peralta Santos, epidemiologista responsável pelo departamento de estatística da Direção-Geral da Saúde na reunião que decorre no Infarmed, em Lisboa.
No entanto, existem 37 concelhos com mais de 120 casos por 100 mil habitantes, que representam cerca de 1,1 milhões pessoas (11,3% da população nacional). Ainda assim, nos grandes centros urbanos há uma ligeira tendência decrescente, “o que estabiliza a incidência nacional”, explicou André Peralta Santos
Na última semana, o crescimento da incidência registado na zona de Paredes, Paços de Ferreira e Penafiel causou “alguma preocupação”, enquanto que do município de Odemira chegaram boas notícias. “Tinha uma incidência muito expressiva, a qual, apesar de continuar elevada, está, neste momento, em tendência decrescente”. A nível nacional, incidência em relação ao pico é agora mais de 10 vezes menor.
De uma maneira geral, “todos os grupos etários estão abaixo da incidência com que começamos a 15 de março, exceto o grupo dos 10 aos 20, que está ligeiramente a cima”, alertou André Peralta Santos. Já no grupo entre os 0 e os 9 anos, que havia registado um aumento do número de casos, há duas semanas, a tendência foi invertida.
Ainda assim, Peralta Santos relembrou que ambos os grupos etários “não geram particular preocupação, pois têm um curso de doença relativamente benigno”. Já na faixa etária dos 80 a tendência decrescente mantém-se e este é, neste momento, “o grupo mais protegido”.
Apesar de considerar “ainda muito cedo para percebermos o impacto direto das medidas de desconfinamento”, André Peralta Santos considera importante monitorizar a situação e revelou que, nos municípios que regrediram ou não avançaram, “há uma tendência decrescente muito semelhante”, os que avançaram sem alerta “primam pela estabilidade” e os que avançaram com alerta registaram um ligeiro aumento nos primeiros dias para depois “esboçar uma tendência decrescente”.
As hospitalizações mantêm uma “tendência ligeiramente decrescente”. Nos cuidados intensivos há também uma ocupação abaixo das 100 camas ocupadas, “o que é manifestamente positivo”. Em termos de faixas etárias, há uma “tendência de decréscimo muito acentuada nos 80+” enquanto que o grupo dos 50 aos 79 anos é agora aquele que mais ocupa as Unidades de Cuidados Intensivos. A nível de mortalidade, Portugal tem menos de cinco mortos por milhão de habitantes, “inferior ao indicador do ECDC”.
Na testagem, houve um aumento de intensidade, sobretudo nos concelhos com maior incidência, o que conduziu a uma diminuição da positividade, que está abaixo dos 4% no território nacional. De 19 a 25 de abril houve ainda um especial aumento do esforço de testagem no grupo etário dos 15 aos 21 anos, que revelou também uma positividade muito baixa.