Se há algo que descansa quem apanhou Covid-19 são os meses durante os quais possui imunidade ao vírus. As probabilidades de re-infeção não descem até zero, mas um novo estudo, publicado na revista científica Lancet e promovido pelo Departamento de Saúde e Assistência Social do Governo do Reino Unido, Serviço Nacional de Saúde Inglês, Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e pelos governos da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, indica que diminuem substancialmente.
O estudo envolveu 25.661 trabalhadores de hospitais públicos de toda Inglaterra, 8.278 dos quais infetados anteriormente por SARS-CoV-2, e chegou à conclusão que as pessoas que tinham tido Covid-19 apresentavam um risco 84% menor de serem reinfetadas e um risco 93% menor de infeção sintomática, durante os sete meses em que foram seguidas. “Este estudo mostra que a infeção anterior por SARS-CoV-2 induz imunidade efetiva em infeções futuras na maioria dos indivíduos”, lê-se no documento.
Basta olhar para alguns números revelados pelos autores para perceber o impacto que o facto de já ter sido infetado pode ter, não só na probabilidade de uma futura infeção, como na intensidade da mesma. Por exemplo, de junho de 2020 a janeiro de 2021, 1,4% dos 8.278 participantes que já tinham tido Covid-19 foram re-infetados (18.7 re-infeções por mil participantes), em comparação com e 9,8% dos 17.383 participantes que nunca tinham tido a doença anteriormente (98 novas infeções por mil participantes).
Já no que respeita o facto de a infeção ser ou não sintomática, das 1859 registadas em janeiro, das 155 que eram re-infeções, 78 (50,3%) foram sintomáticas, enquanto que, das 1704 que eram primeiras infeções, 1369 (80,3%) foram sintomáticas.
O estudo revelou ainda que, nos casos onde existiu re-infeção, o intervalo médio entre esta e a infeção primária “foi de mais de 200 dias”, ou seja, mais de seis meses e meio. De acordo com os autores, tendo em conta as incertezas que ainda existem relativamente ao tempo de imunidade conferido pelas vacinas, é essencial compreender a natureza e a taxa de reinfeção por SARS-CoV-2, a fim de melhor orientar as intervenções não farmacêuticas e as medidas de controle e de Saúde Pública.