Primeiro, foi a febre, depois a tosse e consequente falta de ar, e as dores musculares. Pouco depois, náuseas, vómitos e diarreia. Não demorou a que nos alertassem ainda para umas específicas erupções na pele. Seguiu-se a anosmia – com perda de paladar, mas sobretudo de olfato. Agora, suspeita-se que nem a audição escape.
É o que sugerem as mais recentes investigações: a infeção por Covid-19 pode ainda provocar uma série de problemas associados ao sistema auditivo. Segundo a revisão de estudos agora apresentada, e que avaliou uma série de doentes internados no último ano infetados com o coronavírus, a prevalência da perda auditiva foi de 7,6 %, sendo que há ainda registo de zumbidos (14,8%) e vertigens (7,2 por cento).
Kevin Munro, professor de audiologia na Universidade de Manchester e investigador no Centro de Investigação Biomédica local, foi um dos primeiros a publicar sobre o assunto, logo no verão passado, com os primeiros dados recolhidos em doentes internados no Reino Unidos com Covid-19, que davam já conta do problema.
Em outubro passado, o British Medical Journal, uma das mais influentes e conceituadas publicações sobre medicina em todos o mundo, acrescentava mais uma acha a esta fogueira de sintomas associados à infeção com o SARS-CoV-2 ao documentar um primeiro caso de perda auditiva súbita permanente.
Agora, perante os resultados obtidos por esta revisão de dados, Munro não tem quaisquer dúvidas da “necessidade de um estudo clínico e de diagnóstico cuidadosamente conduzido para compreender os efeitos a longo prazo do Covid-19 no sistema auditivo”. Como justificou: “Há muito que se sabe que vírus como o sarampo, papeira e meningite podem causar perda auditiva, mas neste caso sabe-se ainda muito pouco.”