Na reunião desta semana no Infarmed, que reuniu especialistas e políticos em torno da evolução da pandemia, o investigador João Paulo Gomes atualizou os dados relativos à vigilância de variantes genéticas do novo coronavírus em Portugal.
De acordo com o especialista do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), apenas na semana nove a variante britânica se tornou responsável por 65% dos casos registados no País, quando a previsão era que tal acontecesse três semanas mais cedo. Apesar de se ter travado o crescimento desta variante, que estabilizou nos 10% durante várias semanas, nos últimos sete dias “a variante do Reino Unido cresceu 20%”.
No Reino Unido e na Irlanda, ela é já responsável por 90% dos casos e, na Dinamarca, por 80%.
João Paulo Gomes referiu que uma variante espanhola que dominava em Portugal em novembro – “mais de 70% dos casos era causado por essa variante” – perdeu terreno para a do Reino Unido, que “em fevereiro já é prevalente”.
O investigador do INSA confirmou oito novas infeções da variante da África do Sul em Portugal, totalizando 12 casos registados. Já da variante de Manaus, no Brasil, contabilizaram-se quatro casos, somando-se 11 no total. “Tem sido feito o rastreio de contactos e está tudo perfeitamente controlado”, sendo que “há poucos casos em confinamento”, ressalvou. A maior parte destes doentes infetados já tiveram alta.
Ambas as variantes são mais transmissíveis e estão associadas a “potenciais falhas vacinais”, que podem podem pôr em causa a eficácia das vacinas.
João Paulo Gomes alertou para a importância de monitorizar a variante L452R, que partilha algumas características com a variante da Califórnia, e que “decresceu um pouco, mas está em 40 concelhos no país”, representando 5% dos casos. Ela está associada à perda de ligação aos anticorpos.
Enquanto a variante do Reino Unido está presente em mais de 80 países, a da África do Sul encontra-se em mais de 40 e a de Manaus em cerca de vinte.
O investigador sublinhou que os testes rápidos não garantem a pesquisa das variantes provenientes do novo coronavírus, daí que seja fundamental garantir o aumento da testagem com a tecnologia RT-PCR.
Em relação ao desconfinamentto, João Paulo Gomes mostrou houve “277 introduções” de Covid-19 em Portugal, com Reino Unido, Espanha, França e Itália a liderar a lista, no início de março. O turismo e as migrações terão sido as principais razões para tal.
“Isto vai voltar a acontecer, estamos todos a fazer o mesmo”, alerta. Como tal, o cientista do INSA recomenda uma “atenção redobrada”.