O assessor do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Norte, Óscar Felgueiras, propõe que as medidas restritivas sejam aliviadas quando se registarem menos de 60 casos por 100 mil habitantes. A sugestão foi anunciada na reunião que juntou especialistas e políticos no Infarmed, nesta segunda-feira.
Portugal deverá estar próximo de atingir esse objetivo na próxima semana, a 15 de março, o que deverá ser sinónimo do alívio das medidas restritivas atualmente em vigor.
O também professor do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto apresentou uma nova tabela de níveis de risco:
- Nível 5 – Risco Elevado: 240 infetados por 100 mil habitantes ao longo de 14 dias
- Nível 4 – Risco Alto: 120 infetados por 100 mil habitantes ao longo de 14 dias
- Nível 3 – Risco Médio: 60 infetados por 100 mil habitantes ao longo de 14 dias
- Nível 2 – Risco Baixo: 30 infetados por 100 mil habitantes ao longo de 14 dias
- Nível 1 – Risco Muito Baixo: 0 infetados por 100 mil habitantes ao longo de 14 dias
“O objetivo é atingir um nível abaixo de 60 casos, isto numa situação com uma certa estabilidade”, defendeu.
Além do número de casos por 100 mil habitantes, o especialista acredita que será essencial utilizar outro indicador para ter dados mais fiáveis, como o Rt (índice médio de transmissibilidade), o crescimento das infeções a sete dias ou a 14 dias. Óscar Felgueiras defende que a monitorização da evolução a 14 dias permite uma maior estabilidade na adoção de medidas.
“A aceleração do número de casos deve aumentar o patamar de risco”, constatou. A partir dos 120 casos por 100 mil habitantes, com um crescimento a 30%, o patamar de risco deve ser agravado para Elevado.
As “zonas de preocupação” são as 240 mil infeções por 100 mil habitantes ou quando se regista uma tendência de crescimento acentuado. O desejável é o País manter-se próximo do Nível 2, à volta dos 30 infetados por 100 mil habitantes ao longo de 14 dias.
O matemático também sugere que sejam utilizados mapas de incidência que, em vez de apenas considerarem os concelhos individualmente, tenham também em conta a incidência nos concelhos limítrofes. Esta opção “facilita a identificação de zonas de maior risco, diminui a ocorrência de ilhas, concelhos pequenos, com incidência elevada, mas que não constituem um problema de expressão que justifique medidas muito restritivas”, afirma. Esta será uma forma de “suavização do mapa de risco”.
De acordo com o especialista, a indicação de risco máximo, com mais de 240 casos por 100 mil habitantes, registada no início de outubro deveria ter implicado medidas, como um possível confinamento. Num mês, todo o País ficou no nível de risco elevado.
Atualmente, a maior parte dos concelhos estão no nível amarelo de risco, ou seja, a aproximar-se do risco médio de contágio.