Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, entrou por videoconferência na reunião do Infarmed para falar sobre o efeito da vacinação nos internamentos e na mortalidade. De acordo com um modelo preparado com variantes que incluem internamentos, internados em Cuidados Intensivos, óbitos e vacinação, foram assumidas “duas hipóteses de eficácia vacinal de 90% ou de 705”. No primeiro cenário, com eficácia das vacinas de 90%, e “se a vacinação decorrer como está previsto”, aludiu o perito, “salvamos 3 500 vidas até ao final de setembro”, ao contrário do que aconteceria se não houvesse vacinação . No segundo cenário, com eficácia a 70%, “os resultados são muito semelhantes”.
No entanto, se o processo de “vacinação fosse muito mais rápido até ao final de abril” as diferenças seriam maiores, sendo que “estaríamos muito abaixo dos 200 internados em cuidados intensivos e num patamar ideal de 50 casos por 100 mil habitantes”. E deixou um alerta: “um esforço na aceleração do processo de vacinação tem ganhos inequívocos em vidas”.
Henrique Barros referiu, também, que “o Processo Nacional de Vacinação vai encontrar diferentes dinâmicas a ocorrer na população”, exemplificando com os dois picos de infeções que se verificaram na região Norte em novembro e janeiro (diferentes do resto do país) e para os quais “ainda não conseguimos ter explicação”. Sendo, por isso, notório, que “o risco de morrer é diferente nas diversas regiões, nalgumas é até o dobro”.
O epidemiologista vincou que as vacinas diminuem a geração de “novos casos”, mas que isso depende da “existência de variantes que possam aumentar a transmissibilidade”, como o confinamento, o fecho das escolas, uso de máscaras ou ventilação dos espaços.
Henrique de Barros referiu também uma outra variante que ainda está a ser analisada e que passa pelo efeito da temperatura do ar no aumento ou diminuição de infeções. “O efeito da temperatura pode chegar a mais de 20% na diminuição de novos casos”, diz. Deu como exemplo uma temperatura máxima abaixo de 11 graus centígrados: “por cada grau diminui 7% o crescimento da incidência média diária de casos”. Entro os 11 e os 30 graus essa “diminuição é de 3 por cento”.