A Agência Nacional brasileira de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta na última segunda-feira para o possível primeiro caso positivo no país de Candida auris. O “fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública” foi identificado numa amostra colhida da ponta do catéter de um paciente internados nos cuidados intensivos num hospital do Estado da Bahia.
Para já, a presença do fungo foi confirmada por dois laboratórios mas a Anvisa explica que a amostra será submetida ainda a mais análises antes de dar por confirmado o primeiro caso no Brasil.
O primeiro caso de infecção por Candida auris foi descoberto há 11 anos, no canal auditivo de uma paciente hospitalizada no Japão. Hoje, há múltiplos casos em mais de 30 países, incluindo nos Estados Unidos, França e Espanha e as autoridades de saúde perceberam que o fungo já mostra características genéticas diferentes nos vários continentes.
O fungo Candida auris (C. Auris) é responsável por infeções nos ouvidos, em feridas e na corrente sanguínea. Também foi detetado em infeções respiratórias e urinárias, faltando perceber de que forma pode afetar pulmões e bexiga.
Ao contrário da maioria das infeções causadas for fungos e bactérias, o Candida auris resiste à administração de antifúngicos, mesmo àqueles usados para combater outras infeções causadas pelo mesmo fungo. A maioria das infeções consegue ser tratada com recurso a equinocandinas – a medicação utilizada no combate de doenças infeciosas deste tipo.
“Já vimos que consegue resistir às três classes de antifúngicos. É um superorganismo, muito difícil de tratar, porque não há medicamento capaz de o matar”, explicou Tom Chiller, do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) à CNN, que resume: “É um fungo que se comporta como uma bactéria.”
Os sintomas são, na maioria das vezes, silenciosos e invisíveis. Os mais comuns passam pela persistência de febre e calafrios após o início do tratamento com antifúngicos.
A única maneira de diagnosticar a infeção é através de análises, à semelhança da candidíase e de outras infeções do género Candida. O maior problema do diagnóstico está na facilidade com que é confundida com outras infeções provocadas pelo mesmo organismo, o que implica a realização de análises específicas para detetar a sua presença.
Outra particularidade deste fungo é que não é transmitido como a maior parte dos restantes desta família. De acordo com o CDC, pode ser transmitido diretamente de pessoa para pessoa e é encontrado, com muita frequência, em estruturas de cuidados médicos, bem como em equipamentos. Tanto que, para além de pessoas com diabetes ou submetidas a cirurgias recentemente, o risco mais de infeção mais elevado está naqueles cujos sistemas imunitários estão débeis, em particular os que se encontram hospitalizados ou em instituições de cuidados continuados.
De acordo com os dados do CDC, 30 a 60% dos infetados de que há registo morreram. No entanto, muitos destes doentes, sublinha o organismo, tinham outras patologias graves associadas que, de si, aumentavam o risco de morte.