“Logo que aliviamos a mola, ela volta a subir.” O epidemiologista Manuel Carmo Gomes avisa que as medidas restritivas impostas pelo Governo devem ser mantidas, caso contrário as taxas de infeção subirão novamente. Durante a reunião do Infarmed que ainda está a decorrer, deu como exemplo a Holanda “que chegou a ter 10 mil casos por dias”, depois “confinou e baixou para seis mil” e a República Checa que “teve uma segunda onda violentíssima, chegou aos 15 mil casos diários, confinou, desconfinou e está nos 5 mil casos diários”.
Antes de fazer as projeções para o curto prazo, Carmo Gomes lembrou como foi a evolução em novembro e porque é que as previsões anteriores chegaram um pouco mais cedo. Ou seja, na reunião anterior, estimava-se que o pico da segunda vaga “fosse atingido no fim de novembro”, no entanto esse pico chegou mais cedo, “entre 18 e 21 de novembro” devido às medidas restritivas que foram impostas nesse mês, lembrou. Aliás, referiu que “pico dos contágio terá ocorrido cinco dias mais cedo, entre 12 e 15 de novembro”.
Com estes dados, as previsões apontam para o seguinte: “Contando o tempo a partir do pico, a 19/20 de Novembro, se quisermos uma redução de número de casos para, por exemplo, 3 000 casos por dia (redução de 50%) é preciso reduzir uma taxa de menos 2,5% casos por dia (o que demoraria 28 dias a fazer efeito).” Ou seja, as projeções preveem que se a “taxa de redução for menos 2,5% casos por dia” teremos um “Natal com menos de 2 mil casos por dia. Se for -2%, ficaremos entre os 2 500 e os 3 mil”.
Em relação aos internamentos, referiu que têm vindo a baixar e que se projeta “um máximo de ocupação em cuidados intensivos na primeira semana de dezembro”. Os gráficos apresentados sobre internamentos em enfermaria e em cuidados intensivos (UCI) mostram que “grande fatia dos internados [em enfermaria] tem 80 anos ou mais” e em UCI a faixa etária predominante é entre os 60 e 69 anos. O que leva o especialista a concluir: “Isto influencia as prioridades de vacinação.”