Ter tonturas, perder o equilíbrio e sofrer quedas pode ter a ver com a dieta que se segue, mais precisamente com a ingestão frequente de pão, massa e cereais . Isto, de acordo com médicos que falaram ao Daily Mail, deve-se ao glúten presente nestes alimentos e a uma possível reação do cérebro a essa proteína.
Essa reação, conhecida por ataxia e associada a uma degeneração ou bloqueio de áreas específicas do cérebro e cerebelo, faz precisamente com que haja descoordenação motora e perda do equilíbrio. Os médicos afirmam que, nos casos mais graves desta reação ao glúten, os doentes podem, até, apresentar sintomas parecidos aos de um AVC, dificuldade em falar e até paralisia.
Além disso, asseguram que, se estes casos fossem descobertos precocemente – o que pode parecer difícil, já que os sintomas se confundem com outros problemas de saúde e pode não haver, sequer, qualquer sintoma intestinal, por exemplo, que indicie um problema relacionado com a dieta alimentar-, fazer-se-ia um tratamento eficaz e muito mais rápido, baseado numa dieta sem glúten.
O Daily Mail relata o caso de uma mulher de 65 anos, Lorraine Walker, de Barnsley, na Inglaterra, que teve dificuldade em falar e problemas de equilíbrio durante quatro anos, até se perceber que sofria de ataxia devido à ingestão de glúten. Ao jornal, a ex-professora contou que nunca tinha suspeitado que aqueles problemas eram provocados pela dieta alimentar, já que, até então, não tinha sofrido qualquer problema digestivo.
Inicialmente, os médicos disseram que os sintomas podiam estar relacionados com a menopausa, mas como o seu estado foi piorando, foi encaminhada para um neurologista por suspeitas de AVC, fez exames e não lhe foi detetado qualquer problema desse género. Lorraine só melhorou consideravelmente, recuperando o equilíbrio a locomoção, quando mudou a sua dieta.
Marios Hadjivassiliou, neurologia no Sheffield Ataxia Center, em Sheffield, na Inglaterra, trabalha de perto com este tipo de doentes e explicou ao Daily Mail que, em 80% dos casos analisados por ele e pela sua equipa, uma dieta sem glúten reduziu drasticamente os sintomas. O problema, de acordo com o médico, é que os doentes não são encaminhados com a devida rapidez. “A ataxia destrói as células do cerebelo, a parte do cérebro responsável pelo movimento, e se isso acontecer no corpo durante um longo período de tempo, os sintomas podem tornar-se irreversíveis”, afirma, referindo que se alguém for encaminhado para si quando o seu “cerebelo já foi reduzido ao tamanho de uma noz, não há muito que uma dieta sem glúten pode fazer”.
É importante, por isso, realizar os testes e exames necessários para despistagem de intolerância ao glúten e de doença celíaca, já que estes doentes têm maior probabilidade de sofrer ataxia devido ao glúten do que pessoas saudáveis.
Há vários especialistas, contudo, que já criticaram esta associação entre a ataxia e o glúten, afirmando que esta reação pode estar ligada à falta de certas vitaminas. Hadjivassiliou rejeita esta hipótese, já que os pacientes que tratou recuperaram de forma clara.