De acordo com Bernabé Manuel, membro da organização da conferência sobre “Evolução das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME) em Angola e a importância dos nove anos da lei das MPME”, as empresas do setor estão em situação crítica.
“Os indicadores dessas empresas em período da pandemia são devastadores, já estamos num estado de crise económica desde 2014 e essa pandemia só veio piorar a situação das pequenas, médias e microempresas e não só”, afirmou hoje declarações à Lusa.
A conferência sobre a evolução das MPME em Angola está agendada para a próxima segunda-feira, 14 de setembro, e é organizada pela Capital Negócios, que opera no ramo de projetos, consultoria e serviços para as pequenas empresas.
Bernabé Manuel recordou que as micro, pequenas e médias empresas desempenham um papel preponderante na geração de rendimentos, sobretudo para as famílias angolanas, e considerou que a covid-19 afetou as ações das mesmas.
“Sabemos que temos a questão das cercas sanitárias, que acabam por dificultar a mobilidade, afetando as pequenas e médias empresas, em consequência da situação que vivemos hoje”, frisou.
“Mas temos que nos preparar para a situação do pós-covid-19 e para esta relativa abertura”, sublinhou, defendendo maior incentivo para fortalecer o setor.
Durante o evento será apresentado um relatório sobre a situação das MPME no atual contexto da covid-19 e uma proposta para a institucionalização do 13 de setembro como Dia Nacional do Empreendedor e das MPME.
Além da “situação devastadora” das empresas, prosseguiu Bernabé Manuel, o relatório deve apresentar “dados específicos sobre a situação difícil das pequenas empresas no interior do país, bem como o suporte do Governo para o apoio à economia nacional”.
Em relação à Lei sobre as Micro, Pequenas e Médias Empresas, aprovada em 2011, o responsável referiu que serão analisadas, no encontro, as suas implicações a nível do mercado.
“Qual o suporte que recebem do Governo, que apoio recebem das instituições bancárias, esse evento tem este objetivo”, adiantou.
Apesar dos efeitos negativos da covid-19, o empresário deu conta que neste período foi criada uma plataforma das MPME, que congrega cerca de 1.000 empreendedores, que nesse período gerou um volume de negócios de 600 milhões de kwanzas (807 mil euros).
“Numa fase como esta, mesmo com algumas restrições, nós os empreendedores não parámos”, notou.
Quanto às medidas de alívio económico, aprovadas em abril pelo Governo angolano, para conter o impacto da covid-19 nas famílias e empresas do setor produtivo, Bernabé Manuel considerou que as mesmas “não são muito claras para as pequenas empresas”.
“Por isso é que vamos ter a presença de órgãos do Estado e outros, porque queremos uma ação mais direcionada, porque o papel das pequenas e médias empresas é muito importante, numa altura em que falamos da diversificação da economia e incentivo à produção local”, concluiu.
Angola, que desde 26 de maio vive situação de calamidade pública, conta atualmente com 3.217 casos positivos da covid-19, sendo 1.810 ativos, 130 óbitos e 1.277 recuperados.
Algumas medidas de restrições foram desagravadas com vista à retoma gradual da atividade económica, mas Luanda mantém-se sob cerca sanitária provincial.
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