Foi esta terça-feira, durante a Alzheimer’s Association International Conference, que decorre até ao último dia deste mês, que um grupo de cientistas apresentou evidências de que um teste ao sangue possui a mesma eficácia que outros métodos mais caros e que requerem mais tempo.
O teste determina se uma pessoa com demência tem Alzheimer ao invés de uma outra doença e identifica sinais da doença degenerativa 20 anos antes de esta se manifestar.
Especialistas descrevem, no estudo publicado na revista científica, JAMA, a oportunidade que estes testes trazem, ao permitirem acelerar o processo de procura por novas terapias. O processo de seleção de participantes para os ensaios clínicos é extremamente demorado e custa milhões de dólares, sendo que utiliza métodos como a Tomografia por Emissão de Positrões (PET), onde moléculas com um componente radioativo permitem localizar reações referentes a certas doenças e como a drenagem de líquido cefalorraquidiano.
Este novo método tem a capacidade de detetar níveis elevados de amiloide, uma proteína que se acumula em placas, no cérebro. Mas esta proteína não é suficiente para diagnosticar a doença, visto que certas pessoas com uma grande concentração de amiloide nunca chegam a desenvolver Alzheimer.
O novo teste, que mede a quantidade da proteína tau, p-tau217, que forma laços no cérebro dos pacientes e que deteta a presença de placas de amiloide provou, em testes realizados em 1402 indivíduos da Suécia, Colombia e Estados Unidos da América, ser mais eficaz que imagens de ressonância magnética, tão eficaz quanto as PET e revelou ser quase tão preciso quanto o método de diagnóstico mais eficaz de todos: analisar as autópsias de indivíduos que onde foram encontradas fortes evidências de Alzheimer.
O teste foi 96% certeiro em determinar se pessoas com demência tinham Alzheimer ao invés de outras doenças neurodegenerativas.
Ao analisar as amostras de indivíduos que doaram o seu sangue antes de morrer, o teste foi 98% exato em diagnosticar Alzheimer em pessoas que tinham grandes concentrações tanto de amiloide como de proteína tau, e 89% em pessoas que tinham poucos laços de proteína tau.
“Este teste ao sangue, prevê, com muita precisão, a quem a Alzheimer atacou o cérebro, incluindo em pessoas que apresentam estar bem. Não é uma cura nem um tratamento, mas é impossível tratar alguém sem conseguirmos primeiro diagnosticar a doença.”, disse o Dr. Michael Weiner, investigador na Universidade da Califórnia.
Detetar a proteína tau pode ser também uma mais-valia para prever a velocidade a que as habilidades cognitivas de um paciente vão diminuir, sendo que há medida que a demência piora, mais proteína é observada.
Um outro teste desenvolvido por uma equipa na Universidade de Washington em St. Louis chegou, através de um método distinto, aos meus resultados. “Pessoalmente, acho bastante reconfortante que estes dois grupos estejam a aplicar ensaios diferentes e a obter os mesmos resultados”, relatou Dr. Suzanne Schindler, uma das autoras pertencentes à equipa de St. Louis.
A maior parte do financiamento para este estudo veio de agências governamentais e organizações da Suécia e EUA.
Estes testes podem estar disponíveis para uso clínico dentro de 2 a 3 anos, criando uma forma fácil e acessível de pessoas com dificuldade cognitivas compreenderem se estão a ser atacadas pela Alzheimer, percebendo assim que tipo de tratamento devem realizar. Numa fase posterior, estes testes podem a vir ser usados para prever se alguém sem qualquer sintoma vai desenvolver a doença.