Já são cinco meses de coronavírus a circular e ainda são muitas as questões a que os especialistas não conseguem responder e mecanismos sem explicação. Um dos mistérios é relatado por David Darley, do hospital de St Vincent, Sydney, Austrália, que explica ao The Guardian que algo peculiar acontece a um pequeno grupo de pacientes no sétimo dia a contar dos primeiros sintomas.
“Até ao final dessa primeira semana, estão estáveis. Depois, subitamente, têm esta resposta hiper-inflamatória. As proteínas envolvidas nessas inflamação começam a circular no corpo em níveis muito elevados”, relata o especialista. A partir daí, os pulmões ficam seriamente afetados, a pressão sanguínea baixa e vários órgãos, incluindo os rins, começam a entrar em falência. Ao mesmo tempo, formam-se coágulos sanguíneos e, em alguns casos, há danos cerebrais.
Este cenário catastrófico só ocorre num pequeno número de pacientes, que Darley identifica com a tendência a serem mais velhos, do sexo masculino e com outros problemas de saúde preexistentes, como diabetes, hipertensão ou doenças cardiovasculares.
Os médicos acreditam que a Covid-19 tem um conjunto de estádios e que, por alguma razão, nem todos os doentes passam por todos eles.
Darley espera que seja possível descobrir um marcador da doença para cada um desses estádios, permitindo assim aos médicos identificar em que ponto cada paciente se encontra e se é provável que evolua para o próximo.
Este especialista faz parte da equipa de investigadores do hospital de St Vincent que está a levar a cabo um estudo de longo prazo com doentes Covid, em que estes serão acompanhados durante um ano após a alta, numa tentativa de perceber se o SARS-cov2 deixa efeitos duradouros na capacidade de resposta imunitária. Estes pacientes recuperados farão também exames aos pulmões, intestinos e funções cerebrais.