Não foi um, nem dois, foram vários, segundo as palavras da ministra da defesa espanhola, Margarita Robles: “O exército, em algumas visitas, viu idosos absolutamente abandonados, quando não mortos, nas suas camas.” A Unidade Militar de Emergências, que denunciou estas situações, nasceu, no anterior fim de semana, para trabalhos de socorro em Madrid, como desinfeção de ruas, mas também vistorias a residências e lares de idosos.
A ministra acrescentou, no seguimento desta bombástica revelação, que dará ordem para se abrir uma investigação com a finalidade de se averiguar se realmente existem pessoas a viver (e morrer) em situações extremas dentro de lares. Robles afirmou que, no ministério, serão “absolutamente implacáveis e contundentes com o tratamento dado aos mais velhos nessas residências. Todo o peso da lei cairá sobre quem não cumpra com as suas obrigações.”
Esses cadáveres que o exército encontrou estavam em residências em que a maioria do pessoal se encontra de baixa, por estar infetado com o vírus. O Governo já informou que essas situações graves têm de ser, obrigatoriamente, comunicadas para que se preste auxílio urgente.
Normalmente, os corpos seriam trasladados para uma divisão refrigerada, até que os serviços funerários os recolhessem. No entanto, atualmente, o protocolo estabelecido nesta pandemia dita que, no caso de haver suspeita de morte por Covid-19, não é suposto tocar-se em nada até que chegue o pessoal de saúde, bem protegidos e com sacos específicos para estes mortos – e é por isso que se justifica que o cadáver permaneça na cama até isso acontecer. Com o colapso dos serviços em Madrid, podem passar 24 horas até que apareça alguém devidamente autorizado para levar o corpo infetado para fora do lar.
Perante o descalabro da realidade, esta unidade do exército começou agora a colaborar no transporte de cadáveres, desde os hospitais da capital até à morgue que foi construída na pista de gelo de 1800 metros quadrados, no centro comercial Palacio de Hielo, no bairro de Canillas.