No verão, as temperaturas sobem, mas também a intensidade de radiação ultravioleta proveniente do sol aumenta. Sabe-se que, em quantidades moderadas, a radiação UV é muito benéfica, já que estimula a produção de vitamina D, que é essencial para a pele, por exemplo.
Contudo, quando a exposição é demasiado prolongada, como acontece nas estações mais quentes, os riscos associados ao desenvolvimento de diversos problemas de saúde são maiores.
“A proporção de raios UVB, radiação particularmente responsável pelas queimaduras solares, é maior nos meses de verão do que no inverno e é centenas de vezes mais forte ao meio-dia do que às primeiras horas da manhã”, explica, à VISÃO, Raúl de Sousa, optometrista e presidente da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria.
A nível ocular, a exposição excessiva pode provocar lesões em diversas estruturas dos olhos, como na córnea, no cristalino, nas pálpebras ou até na retina. Além disso, diz o especialista, com o passar dos anos, a exposição solar recorrente pode causar cataratas, que acontece quando há alteração da transparência do cristalino, uma lente situada por detrás da íris.
“Este processo limita a passagem de luz até à retina, impedindo a formação de imagens”, esclarece Raúl de Sousa. De acordo com o optometrista, mais de 95% das pessoas com mais de 65 anos desenvolvem cataratas, já que é um problema que “deriva do processo natural de envelhecimento”. Contudo, é agravado pela existência de fatores de risco, que incluem a exposição excessiva à radiação solar.
Outro problema associado à exposição prolongada ao sol é a degeneração macular relacionada com a idade (DMRI), que provoca uma perda gradual e progressiva das funções da região central da retina, a mácula. Apesar de ser uma das principais causas de cegueira depois dos 60 anos, a excessiva e contínua exposição a raios ultravioleta está associada ao seu aparecimento.
“Inicialmente, esta doença pode ser impercetível, mas à medida que se desenvolve, a pessoa começa a identificar algumas alterações na visão, como distorção da imagem e dificuldades em reconhecimento de caras, condução, e outros”, refere o especialista.
Como prevenir estes problemas?
Apesar de os grupos de risco relativamente à exposição solar serem as crianças, os idosos, os doentes crónicos e as pessoas que exercem profissões que motivam uma presença constante em meios exteriores, qualquer um deve seguir as principais recomendações de proteção contra a exposição de raios UV, para prevenir problemas oculares.
“A primeira passa por utilizar, sempre que sair de casa, óculos de sol escuros, com adequada proteção contra os raios UV”, aconselha Raúl de Sousa. Além disso, é importante que se certifique que os óculos de sol têm as caraterísticas necessárias para protegerem eficazmente os olhos. Caso contrário, os raios UV podem prejudicar o globo ocular de forma severa.
Outros comportamentos que devem ser adotados têm a ver com a utilização de chapéu, de preferência com abas largas para impedir a emissão direta da radiação, e de um protetor solar específico para a zona peri-ocular.
Para quem usa lentes de contacto, é importante escolher-se os modelos com bloqueio UV, sem dispensar a utilização de óculos de sol.
Além disso, deve evitar-se a exposição solar nos períodos de maior radiação solar, ou seja, entre as 11 e as 17 horas. “E opte sempre por se manter na sombra, sem retirar os óculos de sol. Na praia, por exemplo, a água e a areia refletem os raios UV”, explica Raúl de Sousa.