Não é só através do estudo ou trabalho intenso que as pessoas desenvolvem a inteligência. A ciência tem mostrado que a prática de certas atividades descontraídas estimulam determinadas partes do cérebro e aumentam as funções cognitivas.
Ao jornal espanhol El País, Agnès Gruart, Professor na Universidade Pablo de Olavide, em Sevilha, e Presidente da Sociedade Espanhola de Neurociência, explica que a inteligência não é uma coisa concreta, mas sim um conjunto de vários aspetos. Segundo o especialista, cada pessoa nasce com uma predisposição para determinadas capacidades, que devem ser exercitadas e desenvolvidas.
E, mesmo que não se tenha habilidade natural para certas atividades, pode aumentar-se o nível de destreza e agilidade cerebrais ao adotar certos hábitos. Aqui ficam algumas sugestões.
Ler muito
Ler desperta a inteligência, já se sabe. Um estudo de 2014 com crianças, realizado por investigadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, e da King’s College of London, em Inglaterra, concluiu que a evolução das capacidades de leitura “pode resultar em melhorias nas habilidades cognitivas verbais e não verbais”, que “são de importância vital ao longo da vida”. E quanto mais cedo se começar, melhor.
De acordo com Estevo Santamarina, neurologista em Barcelona e membro da Sociedade Catalã de Neurologia, quando as pessoas leem são ativadas diferentes áreas de atividade cerebral: a compreensão, a memória visual e até algumas áreas motoras.
“Este processo produz alterações na anatomia do cérebro e beneficia as conexões nervosas, o que aumenta significativamente a atividade cerebral, sobretudo na parte dominante do cérebro, que pode aumentar o nível cognitivo”, explica, o neurologista, ao El País.
Aprender a meditar
Saber dominar os pensamentos para conseguir atingir um bem estar satisfatório e aprender a tomar decisões pode ser uma boa maneira de promover a aprendizagem e aumentar a destreza mental. Jenny Moix, professor de psicologia em Barcelona e especialista em meditação, diz que os benefícios associados à meditação não têm apenas a ver com a tranquilidade.
“Ver os pensamentos como algo externo que aparece e que você mesmo pode colocar de lado é o grande benefício, porque essa capacidade, que se treina) pode ser utilizada no dia-a-dia”, conta ao El País. De acordo com o professor, conseguir adquirir esta capacidade é um sinal de inteligência.
Jogar xadrez
Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Konstanz, na Alemanha, dá conta de que os jogadores profissionais de xadrez desenvolvem grandes habilidades mentais, como a memória, por exemplo. Esta capacidade ajuda na tomada de decisões e a estar mais alerta em questões do quotidiano.
Também uma investigação conduzida por pesquisadores da Universidade do Irão aponta o xadrez como uma atividade bastante benéfica para o estudantes, por exigir grande capacidade mental: ajuda a melhorar as habilidades relacionadas com a metacognição, que são necessárias para a resolução de problemas matemáticos.
Sudoku, quebra-cabeças, puzzles… vale tudo
O cálculo numérico é, segundo os especialistas, outra atividade que aumenta a agilidade mental e que ativa diferentes áreas do cérebro, relativamente às da leitura e da linguagem.
Fazer sudoku, resolver puzzles com muitas peças ou até jogar alguns desafios de memória no telemóvel ou computador são boas atividades para desenvolver esta capacidade.
Aprender uma língua diferente lá fora
De acordo com especialistas da Universidade Northwestern, em Illinois, e da Universidade de Houston, nos EUA, as pessoas que falam pelo menos duas línguas são mais rápidos mentalmente quando se trata de processar informações relativamente aos que sabem apenas um idioma.
Outras investigações que envolveram a Universidade de Genebra, na Suíça, a Universidade de San Diego, na Califórnia, e a Universidade Concordia, em Montreal, no Canadá, concluíram que as crianças bilingues são muito melhores na resolução de problemas relativamente aos seus colegas.
Além disso, um estudo conduzido por investigadores da Universidade de Granada diz que as crianças que falam duas línguas têm uma memória mais desenvolvidas quando comparadas aos colegas que falam apenas uma. Por isso, viajar e tentar aprender uma língua diferente é uma boa opção para desenvolver várias funções cognitivas.
Praticar exercício físico
Além dos muitos benefícios já conhecidos da atividade física, os especialistas afirmam também é muito positivo para estimular o cérebro.
Segundo um estudo conduzido por uma equipa de investigadores americanos, o exercício físico aumenta o tamanho do hipocampo (que se localiza no lobo temporal do cérebro e é responsável pela consolidação de novas informações) e melhora a memória. De acordo com os resultados obtidos pelo estudo, a prática regular de exercício físico, mais especificamente o aeróbico, é eficaz na reversão da perda de volume do hipocampo (que encolhe no final da idade adulta e prejudica a memória).
Um outro estudo, liderado por investigadores do Texas, nos Estados Unidos, revelou que o exercício aeróbico melhora o cérebro e a capacidade cognitiva. No estudo, 37 adultos sedentários, com idades compreendidas entre os 57 e os 75 anos, praticaram exercícios aeróbicos durante 12 semanas com três sessões de uma hora por semana. Os resultados obtidos sugerem que o exercício aeróbico melhora a capacidade cognitiva do cérebro em adultos sedentários, incluindo a memória. Por isso, sair de casa e caminhar ou correr ao ar livre são boas opções para estimular o cérebro.
Sair com amigos
Socializar é uma boa forma de se sentir mais ágil e apto mentalmente. “É o cérebro que regula os nossos comportamentos, a atividade mental e os nossos sentimentos”, afirma Agnès Gruart, da Sociedade Espanhola de Neurociência. “Portanto, todas as atividades relacionadas com essas funções são recomendadas, mesmo que seja a interagir com outras pessoas”, refere.