O consumo abusivo diário de álcool pode aumentar em três vezes o risco de desenvolver qualquer um dos tipos de demência, propõe um novo estudo publicado no jornal Lancet Public Health.
O estudo demonstra que a maioria dos casos de demência precoce, em pessoas com menos de 65 anos, está diretamente relacionada ao uso abusivo de álcool ou é acompanhada por este comportamento.
Para chegar a esta conclusão, os investigadores estudaram os registos de mais de 31 milhões de pacientes com mais de 20 anos que tiveram alta do French National Hospital. Concluíram que destes, mais de um milhão foi diagnosticado com demência.
Destes, por sua vez, mais de 57 mil foi diagnosticado com demência precoce, ou seja, que surgiu antes dos 65 anos de idade.
Cerca de 39% dos casos de demência precoce estavam por definição associados ao consumo de álcool, assim como cerca de 18% eram acompanhados por diagnósticos adicionais de problemas relacionados com o álcool.
A Organização Mundial de Saúde define o consumo abusivo de álcool como a ingestão de 60g de álcool puro por dia, para os homens, e 40g para as mulheres – o equivalente a cercas de seis e quatro bebidas diárias, respetivamente.
Michaël Schwarzinger, presidente do Translational Health Economics Network, em França, e principal autor do estudo, acredita na ligação entre a demência e o álcool, visto que o último pode causar “danos cerebrais estruturais e funcionais permanentes”. No entanto, afirma ser necessária mais investigação sobre o tema.
“O uso abusivo de álcool também aumenta o risco de pressão arterial elevada, diabetes, AVCs, fibrilação auricular e insuficiência cardíaca, o que por sua vez pode aumentar o risco de demência vascular”, escreve Schwarzinger no Lancet Public Health.
“Por último, beber em grandes quantidades está associado ao consumo de tabaco, à depressão e a um baixo nível educacional, os quais também são fatores de risco para a demência”.
O uso abusivo de álcool foi associado a um risco três vezes superior de desenvolvimento de demência, e foi reconhecido como um comportamento de risco para o aparecimento de demências precoces, segundo os investigadores.
“Por conseguinte, o despiste do consumo excessivo de álcool deve fazer parte dos cuidados médicos normais, com intervenções ou tratamento oferecidos quando necessário”, conclui o estudo.
“Adicionalmente, outras políticas relativas ao álcool devem ser consideradas para reduzir o consumo excessivo por parte da população geral”.