Um estudo publicado em março de 2017 na revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA), concluiu que houve um aumento de 40 vezes no número de queimaduras químicas oculares em crianças, entre 2012 e 2015, nos EUA, graças à cápulas de detergente para a roupa.
“As queimaduras químicas oculares são uma causa significativa de problemas e perda de visão nos EUA, podendo deixar sequelas para a vida”, alertam os investigadores.
Os cientistas da Johns Hopkins University, situada em Baltimore, EUA, analisaram, numa base de dados nacional, relatórios relativos a casos de queimaduras químicas oculares e conjuntivites que procuraram os serviços de urgência entre 2010 e 2015. Focaram-se depois nos registos relativos a crianças entre os 3 e os 4 anos de idade e concluíram que, nesta faixa etária, terá havido um total de 1.201 casos de queimaduras oculares causadas por detergente em cápsula.
O número destas queimaduras registou um aumento de 40 vezes entre 2012 e 2015, de 12 para 480 casos registados, sendo que mais de um quarto das queimaduras oculares associadas a esta faixa etáriadeveu-se a cápsulas de detergente.
“Apesar de estarmos à procura destes dados, não esperavamos tais números”, declara Sterling Haring, principal autor do estudo, ao Daily Mail.
Para prevenir futuros casos, Haring acredita que, embora sejam necessárias mudanças na indústria, são os pais os principais responsáveis por manter as crianças fora de perigo. “Sim, a indústria e o governo devem participar na segurança desses produtos, mas os pais precisam de ser encorajados a manter esses produtos fora do alcance das crianças”.
A esta opinião, acrescenta que “se pudesse dizer alguma coisa aos pais, em primeiro lugar seria para manterem estas coisas [cápsulas de detergente] longe dos filhos. Elas não são brinquedos. Elas não foram feitas para se brincar com elas”, diz noutro comunicado. “Em segundo lugar, se estes químicos entrarem em contacto com a vista do seu filho, a primeira e mais importante coisa a fazer é dirigir-se ao lavatório e enxaguar o olho durante vinte minutos em água fria”.
As cápsulas são compostas por detergentes, amaciadores e outros tipos de sabão, envoltos num plástico solúvel em água. Apesar de terem compostos quimicos semelhantes aos do detergente líquido, as cápsulas possuem apenas 10% de água, em oposição aos 50% do concorrente líquido, o que as torna mais concentradas e, consequentemente, mais tóxicas.
A ingestão acidental de detergente em doses concentradas pode levar a vómitos, letargia e, em casos mais extremos, a paragens respiratórias.