Ora aí está uma possível explicação para a linguagem utilizada por Donald Trump durante a campanha eleitoral de 2016 ter sido associada a autenticidade.
Os resultados de um novo estudo, publicado no Journal of Social Psychological and Personality Science, revelaram que os participantes que tinham calão, que utilizavam uma linguagem mais grosseira e diziam mais palavões eram considerados mais sinceros do que aqueles que não tinham esse tipo de discurso.
David Stillwell, investigador da Universidade de Cambridge e um dos autores do estudo, disse ao Daily Mail que existem duas formas de olhar para a mesma situação. Por um lado, há quem pense que dizer palavrões é sinal de um comportamento social negativo – considerando, portanto, quem fala desta forma como más pessoas.
No entanto, existe uma outra perspetiva que é apoiada pelo estudo. Segundo esta perspetiva, quem fala desta forma não está a utilizar filtros nenhuns às suas emoções. As palavras escolhidas refletem, portanto, de uma forma mais verdadeira, as emoções, o que torna o discurso mais genuíno.
Esta investigação, que resultou na publicação intitulada “Frankly, I don’t give a damn: the relationship between profanity and honesty”, teve três fases de experiências. Na primeira, os autores do estudo questionaram 276 pessoas sobre o porquê de falarem com calão. A maioria delas respondeu que a sua intenção se prendia com a tentativa de serem o mais honestos possível, retrando-se a si próprios mais fielmente.
Na segunda fase de experiências, as conclusões a que chegaram foram muito semelhantes. Desta vez, foram analisados cerca de 74 mil pessoas na rede social Facebook. Os investigadores compararam a frequência de frases que continham palavrões e frases com histórias que, subentendia-se, eram verdade. Curiosamente, perceberam que as pessoas que tinham um discurso mais limpo, queriam ter uma imagem também mais limpa nas redes sociais, mesmo que, para isso, fosse necessário forjar a realidade.
Como verificaram, nas duas experiências anteriores, que o uso de palavrões estava associado, de forma positiva, com a honestidade, os investigadores tentaram, numa terceira e última experiência, perceber se isto também se verificaria a nível da sociedade. Isto é, se sociedades com altas taxas de uso de palavrões podem ser caracterizadas por ter um maior apreço pela honestidade. A experiência veio a verificar que esta hipótese estava, efetivamente, certa.