A aranha tece a sua teia com a mestria dos melhores construtores. É desse trabalho criado com pequenos fios de seda que vive e se alimenta, com as presas que lá caem. São simultaneamente fortes e flexíveis, adaptam-se à temperatura e humidade exterior, são biodegradáveis e biocompatíveis e pensa-se que a sua composição pode ter várias utilizações.
O fabrico de redes, de peças de roupa – nomeadamente coletes anti-bala, de instrumentos musicais e o uso em fibras de vidro dos sensores óticos, por exemplo, são algumas das possibilidades em cima da mesa.
E se alguma vez achou que o “Homem Aranha” é pouco realista, esta informação é para si: os fios da teia de aranha foram comparados ao aço por serem considerados um dos materiais mais resistentes de sempre, e julga-se que se tivessem a espessura de um lápis podiam parar um Boeing 747 a voar. Em outubro do ano passado, num artigo da rádio e televisão canadiana CBC, podia ler-se: “É um dos materiais mais fortes do mundo na natureza: mais forte do que o aço, mais leve do que o algodão”.
Além de tudo isso, segundo as várias investigações cientificas de ponta a decorrer em laboratórios de vários países, têm potencialidades médicas incríveis em humanos.
Os estudos passam por perceber a utilidade das teias em implantes cerebrais, suturas, reparações ósseas, regeneração de cartilagens e enxertos de pele, áreas em que até aqui se tem usado a seda dos bichos da seda.
Conheça quatro das investigações de sucesso na área aplicadas à medicina humana:
1 – Reparação de nervos
Na Universidade médica de Hanover, na Alemanha, uma equipa do Departamento de Cirurgia Plástica utilizou fios de teia de aranha para reparar tendões e nervos.
A técnica é particularmente útil para tratar vítimas de acidentes de mota, por exemplo, que por essa razão tenham perdido a sensibilidade dos braços ou ombros.
Segundo o professor responsável pela pesquisa, Peter Vogt, a grande vantagem cirúrgica da seda de aranha é o facto de ser natural e biodegradável, ao contrário dos plásticos. “Os plásticos não se decompõem. E o quando o fazem, possivelmente desencadeiam reações inflamatórias”, diz.
2 – Efeito curativo
Está documentada desde há muitos anos a prática de usar teias de aranha para curar feridas, comum em alguma culturas.
A razão está nas propriedades antibacterianas deste material e no facto de ter muita vitamina K, que ajuda na coagulação do sangue e a sarar feridas, minimizando as chances de infeções.
3- Tratamento com medicamentos
A equipa do Laboratório de Aranhas da Universidade de Nottingham, em Inglaterra, desenvolveu uma técnica para produzir seda de aranha para aplicar em antibióticos, cujo desenho se adequa às necessidades especificas de cada paciente.
Segundo Neil Thomas, um dos investigadores, esta técnica permite “prevenir a infeção durante semanas ou meses através da libertação controlada de antibióticos. Ao mesmo tempo a regeneração dos tecidos é acelerada pelas fibras, como uma armação temporária antes de se biodegradar”.
4 – Base para cultivar tecido cardíaco
Uma investigação levado a cabo no Instituto de Física e Tecnologia da Universidade de Moscovo conseguiu provar que o material de construção das teia de aranha é “o substrato de base perfeito para cultivar tecido celular do coração”.
Isto acontece porque as teias são duráveis e “cinco vezes mais fortes do que o aço, duas vezes mais elásticas do que o nylon e capazes de se esticar até três vezes o seu comprimento”.
E segundo o professor Agladze, o académico responsável pelo estudo, “as células de tecido cardíaco aderem com sucesso às teias de aranha; crescem formando camadas e são totalmente funcionais, ou seja, conseguem contrair-se de forma coordenada”.