O ciclo da água mostra-nos o movimento infinito e circular que a água faz na Natureza, envolvendo a evaporação, por ação do sol ou calor, a condensação, criando as nuvens na atmosfera, e a precipitação na superfície terrestre, em forma de água ou de neve, que se dá quando a condensação se adensa e é acompanhada de correntes de ar frias.
Este ciclo faz parte da nossa vida quotidiana, mas as alterações climáticas vêm perturbar o delicado equilíbrio entre evaporação e precipitação, com impactos brutais nomeadamente pelo aumento das temperaturas, secas, inundações, degelo polar, aumento do nível do mar, acidificação dos oceanos, nas tempestades cada vez mais frequentes e mais intensas.
Efetivamente, nesta era do Antropoceno, as alterações climáticas apresentam-se como o expoente máximo dos impactos negativos das atividades humanas no clima da Terra e no funcionamento dos seus ecossistemas, sendo cada vez mais evidente a urgência da transição para a neutralidade climática.
As condições meteorológicas extremas, a falha na ação climática e os danos ambientais causados por humanos estão, aliás, entre os fatores de risco com maior probabilidade de ocorrência nos próximos dez anos, de acordo com o “Global Risk Report” de 2021 do World Economic Forum.
Já o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) das Nações Unidas alerta para a existência de 3,5 mil milhões de pessoas altamente vulneráveis aos impactos climáticos.
Em todas estas situações, a água tem um papel central, seja por excesso ou por falta, seja por perturbações qualitativas ou até por perturbações devido a usos conflituantes, onde se destacam as necessidades de abastecimento às populações e, ainda, as necessidades agrícolas, industriais, ambientais e até a produção energética sobretudo nas situações que não resultem na perda do recurso água para as demais utilizações. Desta forma impõe-se a adoção de medidas de gestão integrada que promovam, para o conjunto dos utilizadores, a garantia da disponibilidade e qualidade do recurso, para além de garantir a máxima eficiência quer na distribuição quer na utilização.
Neste domínio, é importante garantir uma redução da perda de água global em cada bacia hidrográfica, conceito que importaria adotar, o que implica que se compagine as perdas e ineficiências com os volumes globais utilizados por cada setor pois só assim se consegue maximizar o volume disponível para a comunidade, minimizando, ao mesmo tempo, a afetação de recursos humanos, materiais, financeiros e naturais dessa mesma comunidade.
Um estudo recente acerca das atitudes e comportamentos dos portugueses face à água, promovido pelo Grupo Águas de Portugal, indica que cerca de 80% das pessoas, no nosso país, estão muito preocupadas com as alterações climáticas, sendo que apenas 46% reconhecem que impactos diretos no seu dia-a-dia.
A perceção da gravidade dos riscos de escassez terá certamente aumentado no contexto da seca que atravessamos em Portugal, agora ligeiramente atenuada pela chuva que tem vindo a cair nos últimos dias.
Mas esta problemática não é meramente conjuntural, pelo que se impõe uma ação sustentada, concertada e estruturante para mitigação das alterações climáticas e para a adaptação aos impactes que já hoje sentimos, onde se destacam também cheias, inundações, ciclones e outros fenómenos extremos que causam enormes disrupções nos ecossistemas e na sociedade o que afeta a qualidade de vida das pessoas.
Seja de forma autónoma ou articulada, mobilizando terceiros ou integrando dinâmicas da sociedade, envolvendo e sensibilizando todos para a ação, devemos prosseguir hoje, sem hesitação, o objetivo comum que é o de garantir a sustentabilidade do planeta e de contribuirmos ativamente para a melhoria das condições de vida das gerações vindouras. É isso que fazemos no Grupo Águas de Portugal. Mas, ainda mais importante, é isso que compete a cada um de nós.
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